Estadão’ põe em dúvida exames de Bolsonaro
O Estadão coloca “em letra de forma” o que grande parte dos brasileiros pensa: é estranha a forma dos resultados dos exames apresentados por Jair Bolsonaro ao STF:
Um dos três exames de covid-19 apresentados pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) não possui CPF, RG, data de nascimento nem qualquer outra informação que vincule o laudo médico ao chefe do Executivo ou a qualquer outra pessoa. No papel da Fiocruz, atribuído pela Advocacia-Geral da União (AGU) a Bolsonaro, aparece apenas uma identificação de nome: “paciente 5”. O mesmo não ocorre nos outros dois laudos, feitos pelo laboratório Sabin.
Nos dois exames do Sabin, constam codinomes (Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz), mas esses documentos informam dados pessoais do presidente da República – a data de nascimento, RG e CPF são do próprio Bolsonaro.
Segundo a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, a legislação “impõe a correta identificação do paciente no momento da coleta de amostra biológica e da entrega do laudo, inclusive com a apresentação de documento de identidade civil”. A resolução 302/2005 da Anvisa exige que o laboratório clínico e o posto de coleta laboratorial solicitem ao paciente documento que comprove a sua identificação. O cadastro do paciente deve incluir número de registro de identificação do paciente gerado pelo laboratório, o nome dele; idade, sexo e procedência, entre outras informações.
É, claro, uma completa tolice, do ponto de vista objetivo. Nenhum governante, daqui ou de fora, perdeu um grama de popularidade quando se revelou contaminado pelo novo coronavírus.
Bolsonaro não seria pior ou melhor se o resultado do teste fosse positivo, como boa parte das pessoas acredita que tenha sido depois daquela “comitiva do vírus” aos Estados Unidos, quando foi bajular Donald Trump.
Mas ele usa tudo, inclusive a verdade mais simplória, para fazer-se de vítima de um perseguição de qualquer uma que defina como inimigo: a imprensa, o judiciário, a opinião pública.
Bolsonaro, o algoz, adora o papel de vítima.