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Quando o câncer de cólon e reto necessita de cirurgia?

ambém conhecido como câncer colorretal, o câncer de cólon e reto é uma doença que evolui a partir dos pólipos, pequenas lesões que crescem na parede do intestino. Segundo o levantamento Globocan, da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele representa 10% de todos os tipos de câncer e é o segundo que mais mata, com 1,9 milhão de novos casos anuais e 935 mil mortes.

 

No Brasil, são estimados 45.630 novos casos por ano desse tipo de câncer durante o triênio 2023-2025, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O principal tratamento costuma ser a cirurgia, que pode ser realizada a partir de diferentes técnicas, associada ou não com quimioterapia e radioterapia.

 

Existem vários procedimentos que podem ser adotados para a retirada do tumor ou controle paliativo dos sintomas e sequelas do câncer colorretal. Os meios mais utilizados são a remoção por colonoscopia, a colectomia por cirurgia aberta e a colostomia. A equipe médica multidisciplinar é responsável por indicar a melhor técnica de cirurgia para cada situação.

 

Entretanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) ressalta que nem sempre a intervenção cirúrgica é indicada, pois depende da extensão e localização do tumor, assim como da fase em que a doença foi diagnosticada.

Diagnóstico na fase inicial aumenta a probabilidade de cura

 

Quando o diagnóstico do câncer de cólon e reto é realizado precocemente, a probabilidade de cura é maior, conforme o Inca. O principal desafio é que a doença costuma se desenvolver silenciosamente, e o aparecimento de sintomas pode ser um sinal de que o quadro já está mais avançado. Segundo o Ministério da Saúde, os principais exames para o rastreamento dos tumores de cólon e reto são a endoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes.

 

Por isso, a SBCO reforça a importância da realização da colonoscopia a partir dos 50 anos, em homens e mulheres. Caso haja histórico de câncer na família, a idade cai para os 40 anos. Por meio do exame, é possível analisar o intestino grosso e realizar biópsias de lesões e pólipos suspeitos.

 

Para avaliar se o tumor atingiu outros órgãos, os médicos também podem pedir exames de imagem, como a ultrassonografia e a tomografia. Os resultados indicarão a escolha do tratamento mais adequado.

 

De acordo com o Inca, alguns dos sintomas de alerta mais frequentes são: presença de sangue nas fezes, desconforto abdominal, alteração do hábito intestinal, perda de peso e alteração na forma das fezes. Entretanto, esses sinais também indicar doenças benignas, como hemorroidas, úlcera gástrica e doenças inflamatórias intestinais, e por isso devem ser investigados para a obtenção do diagnóstico correto.

 

Transplante é uma opção?

 

A transplantação não é uma abordagem comum no tratamento do câncer de cólon e reto. Apesar disso, o estudo apresentado durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, ASCO 2024, concluiu que pacientes com metástase exclusivamente hepática e tratados com quimioterapia podem se beneficiar do transplante de fígado.

 

Ao final de cinco anos de pesquisa, cerca de 40% dos pacientes tiveram uma sobrevida global livre da doença, comparando a quem não fez o transplante e continuou recebendo o tratamento com quimioterapia.

 

O procedimento está entre os principais transplantes realizados no país. Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), foram feitos 1.574 transplantes hepáticos em 2023. A indicação é dada apenas para casos muito selecionados de câncer colorretal.

 

Em entrevista à imprensa, o especialista em transplante de órgãos abdominais e criador do protocolo brasileiro dessa cirurgia, Eduardo Fernandes, relatou que três em cada dez pacientes com câncer colorretal já estão com a doença presente no fígado quando  são diagnosticados e, no futuro, outros três irão desenvolver a metástase hepática.

 

O médico informa que, para ser elegível a esse tipo de transplante, o paciente precisa ter operado há, pelo menos um ano, o tumor colorretal, estar com a doença controlada por quimioterapia e ter lesões metastáticas irresistíveis apenas no fígado.

Má alimentação contribui para o surgimento da doença

 

O estudo desenvolvido pelo A.C. Camargo Câncer Center aponta que uma em cada 20 pessoas no mundo terá câncer de intestino. O inca informa que desenvolvimento da doença está muito associado aos hábitos de vida, como o tabagismo e a inatividade física. Excesso de peso, idade acima de 50 anos e alimentação não saudável são os principais fatores de risco.

 

A ingestão excessiva de alimentos ultraprocessados e dietas pobres em fibras contribuem para o desenvolvimento da patologia. Carnes processadas – como mortadela, bacon, salsicha e salame – bebidas alcoólicas e o excesso de carne vermelha e gordura aumentam a incidência desse tipo de câncer.

 

Por outro lado, a SBCO informa que o consumo de fibras, frutas e ácido fólico diminui o risco. O Ministério da Saúde recomenda o consumo mínimo de 400 gramas por dia de frutas, verduras e legumes para adultos. Esses alimentos têm uma variedade de fitoquímicos e são substâncias com efeitos anticancerígenos.

 

A atividade física também ajuda a reduzir o tempo de trânsito gastrointestinal e os marcadores inflamatórios, além de melhorar a imunidade e auxiliar na manutenção do peso. O excesso de gordura corporal pode contribuir para um estado de inflamação crônica no organismo e, como consequência, as alterações biológicas podem desencadear o processo de formação do câncer intestinal.

Foto: Freepik

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