Se alguém era relutante em aceitar a ideia de que o Motörhead vinha gravando uma sucessão de álbuns saídos da mesma forma, essa teimosia teve seu fim com a entrada de Cameron Webb, o mesmo produtor que agilizou a pré-produção de “Dystopia” (2016) do Megadeth e que entrou na vida do Motörhead em 2004 quando produziu “Inferno”. Desde então, foi lançada a última meia dúzia de álbuns da banda com vibrações homogêneas intocáveis, graças a essa parceria que deu certo.
“Bad Magic” encerra o trabalho constituído por 22 álbuns oficiais dos ingleses e abre um legado que será infinito para a cultura do Heavy Metal mundial. Lançado a 28 de agosto de 2015, exatamente quatro meses antes da partida de Lemmy Kilmister, que nos deixou em 28 de dezembro do mesmo ano, este último registro é prova de que a “vontade” do vocalista em querer morrer fazendo Rock’n’Roll foi cumprida.
O CD estreou em primeiro lugar em cinco países da Europa e em segundo lugar no “Top Hard Rock Albums” da Billboard. O bom desempenho comercial alcançou mais de vinte nações pelo mundo, provando que a lenha queimou até o talo.
A saúde de Lemmy que dava sinais de desgaste desde os últimos shows da turnê de “The Wörld Is Yours” (2010) parecia controlada à época do lançamento do álbum de sugestivo nome, “Aftershock” (2013), mas após isso as tensões voltaram a conviver com a banda e seus fãs até a chegada de “Bad Magic”.
O álbum que abre com a conclamação de “Victory Or Die”, que trouxe uma banda tão pesada e pulsante como sempre foi. A maneira de se fazer músicas barulhentas com riffs sujos e de pouca duração, ficou expressa em canções como “Thunder & Lightning”, “Eletricity” e “Teach Them How To Bleed”, mas aquela pegada mais cadenciada que evidencia a cozinha pode ser contemplada em outras como “Choking On Your Screams” e “Fire Storm Hotel”.
Não podemos esquecer os trabalhos dos fiéis escudeiros, Phil Campbell que faz ótimos solos na profética “When The Sky Comes Looking For You” e na balada “Till The End”, e Mikkey Dee que sempre soube encaixar divinamente bem suas técnicas em canções como “Shoot Out All Of Your Lights” e “Evil Eyes”. Outro destaque fica a cargo de Brian May (Queen), que gentilmente cedeu sua participação solando em “The Devil”, surpresa essa tão agradável quanto a releitura que o trio fez para o superhit “Sympathy For The Devil” dos Rolling Stones.
Motörhead sai de cena com sua postura inabalável, graças ao trabalho de um homem que nasceu, viveu e morreu pelo Rock’n’Roll, graças também aos muitos colaboradores que passaram pela banda e deixaram registradas as suas marcas. O “compêndio” escrito por estes caras, acrescentou ao mundo da música inúmeras possibilidades de criação desde linhas melódicas as mais brutais, unindo estilos como Punk, Metal e o mais simples Rock, patenteando o seu nome. Poucas bandas conseguiram se manter firmes por tanto tempo divulgando o mesmo verbo. Eles conseguiram. “We are Motörhead and we play Rock ‘N’ Roll!”
Lançamento: UDR
Track list:
Victory Or Die;
Thunder And Lighting;
Fire Storm Hotel;
Shout Out All Of Your Lights;
The Devil;
Eletricity;
Evil Eye;
Teach Them How To Bleed;
Till The End;
Tell Me Who To Kill;
Choking On Your Screams;
When The Sky Comes Looking For You;
Sympathy For The Devil (Rolling Stones cover).