Marcelo Niel ficou 35 dias na UTI, em coma e entubado. O relato tem como pano de fundo o Candomblé, religião que estuda e pratica.
“IAÔ/IOT — Experiências vividas no mundo hospitalar e outras viagens”, de Marcelo Niel, psiquiatra e doutor em Saúde Coletiva, não é um livro sobre religião, como o título e a capa podem sugerir. A religião, sim, se faz presente, porém como pano de fundo do relato positivo de uma experiência dramática vivida pelo autor, que ficou 70 dias internado em um hospital tradicional de São Paulo, infectado pelo “coronavírus”, o SARS-COV-2.
Desse período, Niel viveu 35 dias “preso” a uma maca, na solidão fria de uma UTI, em estado de coma e entubado. Suas chances de sobrevivência, pelo histórico de comorbidades que possui, eram remotas. Viveu momentos de grande sofrimento, como tantos outros pacientes infectados pelo vírus e que também sobreviveram.
O título do livro reflete a jornada de 70 dias de internação vivida por Niel enquanto médico e paciente emoldurada na sua crença religiosa, o Candomblé, que estuda e pratica. Ele é, há seis anos, um IAÔ, designação dada aos iniciantes da religião, o “novato”, o “irmão mais novo”; já IOT, sigla que se tornou popular em função da Covid, representa a temida Intubação Orotraqueal.
“A ideia do livro é compartilhar a experiência vivida com as pessoas, sejam as que passaram pelos mesmos processos ou as que vivenciaram o ‘outro lado’ da aflição de um ente querido nessa situação”, revela Niel, que vai doar integralmente o valor arrecadado com a venda do livro à ONG @oamoragradece, de São Paulo, que distribui comida para pessoas em situação de rua.
O livro, oferecido apenas no formato digital, pode ser adquirido na plataforma Clube de Autores.