Há mais de 30 anos em Florença, o artista atende um público que não quer ser garoto-propaganda de uma grife ao usá-la – e cria estampas exclusivas para confecção de peças
Oferecer roupas, acessórios e outros objetos com estampas absolutamente exclusivas para um público internacional cada vez mais interessado em adquirir itens confeccionados em um único exemplar. Essa é a linha de trabalho do designer ítalo-brasileiro Adriano Beraldi.
Ele nasceu em Curitiba/PR e fixou-se em Itajaí/SC. Na região foi socialite, promotor cultural, apresentador televisivo, colunista e radialista. No final dos anos 1990, mudou-se para Florença, na Itália, onde hoje conquista um espaço alternativo e ousado no concorrido mundo da moda e da decoração internacionais, trilhando uma inovadora estrada entre potentes nomes do setor por meio da criação de estampas destinadas a peças exclusivas.
Beraldi se coloca, assim, na contramão da habitual tendência da maioria das marcas: fazer ampla divulgação do uso de seus produtos por meio de personalidades e clientes de expressão. “Observo que celebridades não querem se transformar em modelos subliminares de uma grife ou artista. Quando fotografadas apenas por usarem um produto de determinada marca, fatalmente elas têm suas imagens vinculadas ao grupo em questão, como se fossem garotos-propaganda”, comenta o desenhista de estampas.
Ele decidiu, então, dar atenção especial a essa demanda, descobrindo um nicho de mercado, criando com exclusividade o tecido ou material para ser utilizado na criação de peças do dia a dia do guarda-roupa de um seleto público.
Em seu pequeno e elegante estúdio em Florença, de modo discreto e com propostas de absolutos sigilo e individualidade, Beraldi cria estampas gráficas únicas, que surpreendem pela criatividade.
Informalidade com Chico Anysio, Clodovil e Hebe
Adriano Beraldi teve forte atuação no mundo da mídia em Santa Catarina. Na TV foi precursor no gênero de entrevistas informais em eventos sociais.
O designer se destacou como colunista social dos jornais Diário do Litoral, Jornal do Povo, Diário da Cidade e Jornal O Tempo. Em função da originalidade de seu trabalho, expandiu a participação para outros veículos de comunicação da região do Vale do Itajaí, até ingressar na TV Vale do Itajaí, emissora da RCE (Rede de Comunicações Eldorado), do grupo Cecrisa de Criciúma, propriedade do empresário Manoel Dillor de Freitas.
Beraldi permaneceu na TV e ampliou sua presença na mídia pelo território catarinense, por meio das demais sucursais da emissora. Comandou programas de entrevistas marcados pela informalidade – em um período em que esta prática ainda não era usual. Recebeu personalidades nacionais de peso como Chico Anysio, Clodovil, Hebe Camargo e Ibrahim Sued, além de artistas plásticos.
Ele também se sobressaiu nas revistas Charme e Together – esta última foi liderada por ele mesmo e reuniu colunistas sociais de todo o Brasil. Nessa época, Beraldi foi considerado o sucessor do célebre colunista catarinense Carlos Mueller, que o citava como prodígio do setor.
O designer atuou na Rádio Menina do Atlântico, de Balneário Camboriú, cidade onde criou o primeiro baile das debutantes. Sua participação constante na organização de eventos e matrimônios introduziu o chamado serviço de wedding planner na região.
Pincel de Cristal
No campo da arte e da cultura, Beraldi criou o primeiro prêmio destinado ao setor em Santa Catarina, outorgando em várias edições o “Pincel de Cristal”. Nomes expressivos do setor no estado foram homenageados, como Lindolf Bell, Elke Hering, Willy Zumblick, Érico da Silva, Harry Laus (primeiro crítico de arte de Santa Catarina), Silvio Pléticos, Rodrigo de Haro, Juliana Wosgraus, Péricles Prade, Sergio da Costa Ramos, Lair Leoni Bernardoni, Guido Heuer e Marina Mosimann. A premiação se transformou em encontro significativo para a área artística e cultural e foi realizada em diversos cenários sugestivos. Por hábito, Beraldi, relembrava sempre a figura do artista itajaiense Ernesto Meyer Filho, enaltecendo sua memória.
Na segunda metade dos anos 1990, o designer deixou o Brasil para se estabelecer na Itália, país de origem de seus pais. Lá, após estudos e pesquisas, passou a atuar na área de criações de estampas em tecidos. O sucesso permitiu que as peças alcançassem o mundo da arte internacional. Imediatamente foi reconhecido pela forma discreta e anônima na criação de peças para celebridades, que o procuram para criar padrões individuais, a fim de se afastarem de marcas famosas para, assim, não serem identificadas como modelos involuntárias na publicidade das grifes.