Você certamente tem aquele “bro” ou aquela parceira que vai estar para sempre ao seu lado. Não interessa se na boa ou na ruim. Desde os momentos mais sussas aos cabreiros. Quando seus pés não estiverem fixos na nave, ele (a) aparece com um raspador. E que vai te salvar de uma encrenca por ter rabeado alguém, apaziguando a furada na qual você se meteu.
Todo mundo tem esse porto seguro. Ou pelo menos deveria ter. Terry Fitzgerald e Simon Anderson, ambos lendas australianas do surfe mundial, são esses caras. TF, fundador da HB, nasceu em Narrabeen, Sidney, quatro anos antes de seu futuro bro dar as caras ao mundo. Simon inflou os pulmões pela primeira vez por conta própria em 1954, também cria de Sidney. Seus primeiros anos de vida foram em Balgowlah, antes de sua família se mudar para Collaroy, perto de Narrabeen.
Você já imaginou como seria combinar trips, por mais curtas e fáceis de planejar que fossem, sem internet? Como prever em quais picos estariam rolando onda? E talvez até mesmo mandar um recado para outra pessoa, combinando o rolê mais despretensioso da vida. É, parceiro e parceira, anos se passaram e dois dos surfistas mais icônicos da Austrália, true legends, ainda são verdadeiros e inseparáveis brothers. Ambos surfistas começaram quando jovens a surfar. Como também despontaram e logo chamaram atenção de players da Austrália.
Os dois surfistas profissionais viram suas carreiras deslanchar nos 70. Se Terry trilhava seu caminho até as semis do mundial de surfe com apenas 20 anos, em 1970, Simon entrava para o time australiano de surf para representar o país com apenas 18. E os dois cresceram juntos dentro do esporte também, como traz o livro “As crônicas do North Shore: Surf de ondas grandes no Havaí”. O livro trata especialmente do ano de 1977, quando a Austrália estava em peso para participar do Duke Kahanamoku Classic, destacando Simon e o mestre em Sunset Terry Fitzgerald. Com certeza essas viagens competitivas e surf trips aproximaram ainda mais os dois.
Além das trips e amizade, TF e SA tiveram papéis importantes no mundo do surfe. E ousamos dizer que talvez suas maiores contribuições foram fora d’água. Donos de estilos nunca antes vistos na época, com curvas agressivas e velozes, os aussies contribuíram para a evolução do esporte. Suas invenções são bastante utilizadas ainda hoje, mesmo sendo criadas nas décadas de 70 e 80.
O fundador da HB – Hot Buttered resolveu fazer pequenas alterações no design e formato da prancha. Foi dele a ideia de criar um fundo concave e o spiral vee, ou concave duplo. A primeira invenção canaliza o fluxo d’água e dá mais velocidade à prancha. Já a segunda garantia curvas mais precisas e fechadas, sem perder velocidade. E ele não só inovou o fundo da prancha, como também as laterais, as bordas, na parte da rabeta.
Com a criação da wing rail, Terry possibilitou uma troca de bordas realizada em menor tempo. Já Simon resolveu acrescentar um elemento a mais nas pranchas de surf. Mr. Anderson foi dono da invenção batizada de Thruster, também conhecida com o modelo triquilha. A terceira quilha adicionada seria curvada para os dois lados, ao contrário das laterais. Com a intenção de que ela segurasse a rabeta da prancha na onda. Permitindo um maior controle por parte do surfista sobre os seus movimentos e os da prancha. Como também fez com que a galara soltasse manobras com mais potência, curvas e rasgadas.
Resumindo, a velocidade que as quilhas laterais proporcionam, somada ao controle dado pela terceira quilha, fez com que as curvas acontecessem em qualquer parte da onda, do topo à crista, a qualquer momento. Para finalizar, TF foi o primeiro surfista a falar sobre Simon, no teaser do documentário sobre o amigo. Não poupou elogios ao amigo. Responsa logo na abertura, mas nada mais justo do que botar as pessoas mais próximas logo na abertura de uma obra.