Diz o Estado de S. Paulo que Eduardo Cunha, em sua defesa na Comissão de Constituição e Justiça, recorreu “à consciência dos colegas”, ao citar o bordão de um antigo anúncio de vodka.
Há investigados nesta sala”, disse. Hoje sou eu. É o efeito Orloff. Vocês, amanhã…
Recorreu ao medo, isto sim.
Foi a seus pretendentes a ex-aliados que o recado se dirigiu.
Não creio que surta grande efeito.
Onde houver voto aberto Cunha não tem chance alguma.
A votação da esdrúxula proposta de adiar ainda mais a decisão por dez dias úteis – isto é, para após o recesso – deixou isso claro: 40 votos contrários a Cunha e 11 votos favoráveis.
O que não exclui a hipótese de que se o consiga pela protelação objetiva.
A batalha em que Cunha aposta mais alto é a de amanhã, que trava aliado a Michel Temer: a eleição de Rogério Rosso.
Aposta de protelação, não de resultado, porque nem mesmo seu ex-aliado poderá evitar que sua degola vá ao plenário e lá se consume.
Ironica e ofensivamente, Cunha falou tendo às costas o retrato de Tiradentes indo ao cadafalso.
É curioso pensar que Cunha vá, como foi o mártir da Independência, à forca sem falar dos outros integrantes da conspiração, neste caso golpista e não libertária.
O se nutre a esperança de, depois de morto, governar os muito vivos que levou ao poder.