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Campanha Adoção Laços de Amor mostra que há mais candidatos a pais do que menores aptos à adoção em Santa Catarina

Santa Catarina tem 1.458 crianças e adolescentes em programas de acolhimento, muitos deles em condições de serem adotados. Enquanto isso, na outra ponta, a fila de pessoas que querem adotar é maior: são 2.502 pretendentes habilitados em todo o estado. Ou seja, há mais candidatos a pais do que menores aptos à adoção. Mas, na prática, esses números não fecham.

Pesquisas revelam que esse descompasso ocorre porque 80% dos inscritos desejam adotar crianças com até três anos, preferencialmente meninas e sem irmãos. Entretanto, a maioria das crianças aptas à adoção em Santa Catarina está acima dos oito anos, contrariando a expectativa da quase totalidade daqueles que planejam acolher um filho adotivo em seus lares. Os dados são da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja).

Diante dessa realidade, a Assembleia Legislativa e entidades parceiras lançarão, dia 15 de julho, a segunda edição da campanha Adoção – Laços de Amor. O desafio é ir além da sensibilização social proposta em 2011, estabelecendo medidas práticas que contribuam para desburocratizar os processos de adoção de crianças e adolescentes.

A proposta é incentivar a adoção sem preconceito ao mostrar, por meio da divulgação de histórias reais, como as que apresentamos nesta reportagem, como os vínculos entre pais e filhos adotivos surgem independentemente de idade, gênero ou qualquer outra condição.

“Eu percebi que eles davam algo que eu nunca tive. No começo nem acreditei. Mentia e roubava deles. Mas, depois com o passar do tempo, tive a certeza de ter encontrado a minha família”, diz Ediney Wilian Vieira, 17 anos, com a voz embargada de emoção ao lembrar que num Natal chegou a vender um celular ganho de sua adorável mãe.

Sandra Regina da Silva, 34 anos, sonhava em adotar um filho, mas não comentava com o marido. Apertou o orçamento familiar e economizou o pouco que restava do salário de assistente de professora de um jardim particular.

“Cada filho ganhou um celular. Todos passaram um sacrifício para eu conseguir dar algo para eles. Quando soube que Ediney tinha trocado por drogas fiquei muito triste e decepcionada. Mas, no fundo sentia que ele iria mudar. Era meu filho e perdoei seu erro. Tinha certeza que ele nunca mais iria fazer novamente”, disse a orgulhosa mãe enquanto segura o filho no colo.

O motorista Fabiano Martins Vieira, 39 anos, nunca tinha pensado em adotar mais um filho. Segura o choro enquanto janta com sua família um delicioso cachorro quente. Lembra quando viu seu filho pela primeira vez. “Ele tinha sido deixado por outra família na instituição que trabalhava. Não entendia como alguém podia fazer isso com uma criança. Quando olhei atentamente, percebi que se tratava do meu filho. Faria qualquer coisa para deixar ele feliz”, conta.

O menino que não suportou apanhar dos pais biológicos não conseguia ver segurança nas famílias que o adotavam. O resultado foram dezenas de fugas. Com a família de Fabiano e Sandra o sentimento foi diferente. O acolhimento repleto de amor verdadeiro deixou para trás o sofrimento e a angústia.

O pai chegou a desistir do emprego. “Eles não queriam mais que eu trabalhasse por estar acolhendo meu filho. Foi então que pedi demissão para poder ficar com ele.”

O ideal compartilhado com a família é motivo de orgulho e certeza. O carisma entre os irmãos foi natural. Um ajuda ao outro.”Temos algo que é muito maior do que um prato de comida ou um brinquedo. Ele teve pela primeira vez o amor e o carinho que sempre sonhou. Construímos uma família com um elo cheio de respeito e honestidade. Todos são iguais e se esforçam para dar o melhor e que vem do coração”.

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