Nova metodologia une os 12 Passos, Estágios Motivacionais e Manejo de Contingências para oferecer um tratamento mais eficaz, humano e personalizado a cada paciente
A luta contra as drogas — sejam elas lícitas, como o álcool, ou ilícitas, como maconha, cocaína, crack, entre outras — atinge pessoas de todos os níveis e classes sociais. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), mais de 15 milhões de brasileiros convivem com a dependência química e alcoólica.
Apenas no primeiro semestre de 2025, a Prefeitura de Balneário Camboriú, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Inclusão Social, realizou o acolhimento de 230 pacientes que foram abordados nas ruas da cidade, aceitaram auxílio e foram encaminhados para tratamentos terapêuticos em busca de reabilitação. Os dados não incluem internações particulares.
O tratamento envolve diversas etapas, o envolvimento familiar e uma abordagem multidisciplinar. Com 20 anos de atuação, o Centro de Saúde Integrada Bem Viver, em Camboriú, está reformulando seu programa de reabilitação para dependentes químicos, baseado em novas evidências científicas e nas necessidades atuais dos pacientes, que requerem cada vez mais um olhar humanizado e individualizado.
A nova metodologia é pautada em três pilares técnicos-terapêuticos: os 12 Passos — populares em grupos como Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos; o Modelo Transteórico de Mudança, de Prochaska e DiClemente, que considera os estágios motivacionais do paciente; e o Manejo de Contingências, que estimula comportamentos positivos com reforços estruturados — sempre respeitando o estágio de cada paciente ao longo do processo.
“A Bem Viver possui uma bagagem de muitos anos no tratamento de dependência química, em um programa muito funcional, mas que, até então, não levava em consideração de forma tão incisiva a particularidade de cada paciente e o seu olhar quanto ao processo de doença. Essa trajetória é única para cada paciente, portanto, nessa nova metodologia levamos em consideração a fase, o estágio motivacional em que o paciente se encontra, oferecendo um programa muito mais individualizado a cada um”, explica a médica psiquiatra Dra. Raquel Bastos, coordenadora do Programa de Dependência Química da Clínica Bem Viver.
Com uma estrutura de 55 leitos e amplo espaço, a Clínica Bem Viver oferece uma grande variedade de recursos terapêuticos que aceleram o processo de reabilitação, contando com oficinas de yoga, pilates, educação física, argiloterapia, arte, dança e musicoterapia. Os atendimentos variam entre ações individuais e dinâmicas em grupo, conduzidas por uma equipe multidisciplinar altamente especializada, composta por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, conselheiros em 12 passos, educadores físicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde.
A reformulação também reforça o papel fundamental da família no processo terapêutico. São promovidos encontros online semanais com os familiares, além da preparação ativa para o momento da alta, por meio de um plano de continuidade que inclui: acompanhamento ambulatorial, participação em grupos de apoio e a possibilidade de encaminhamento para hospital-dia.
“Quando um membro da família está passando por um transtorno relacionado ao uso de substância, isso afeta mais do que a pessoa que busca recuperação. As famílias precisam estar abertas a grupos de apoio, terapias, aconselhamento familiar, de modo a melhorar a eficácia do tratamento”, complementa a Dra. Raquel Bastos.
O tratamento tem duração aproximada de 60 dias, divididos em quatro fases bem definidas, representadas por pulseiras coloridas:
* Laranja: Desintoxicação
* Amarelo: Conscientização
* Azul: Motivação
* Verde: Prevenção à Recaída
Ao final do processo, os pacientes participam de uma cerimônia de graduação, recebendo um diploma que simboliza o compromisso com a própria recuperação. O principal objetivo da nova proposta é promover uma recuperação profunda e sustentável, com foco na autonomia, reintegração social e prevenção de recaídas — sem abrir mão do acolhimento, da escuta ativa e da dignidade de cada paciente.
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