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Viúva, Maria Deichmann Pamplona, agradeceu a comunidade de Gaspar pela lembrança

Aos 90 anos e com dificuldades para caminhar, dona Maria Deichmann Pamplona, viúva do ex-prefeito Dorval Rodolfo Pamplona, que dá nome à ponte, fez questão de participar de toda a histórica solenidade de inauguração.

Acompanhada dos filhos Hernani, Iara e José Cláudio, ela discursou, descerrou a placa inaugural e abriu oficialmente a ponte para a passagem de veículos. Tanto fôlego assim, só tinha uma explicação. “Estou muito emocionado e feliz”, resumiu a vúva do ex-prefeito. Em seu discurso, ela agradeceu a homenagem de Gaspar à memória de seu ex-marido. “De nossa parte, em meu nome e de minha família e, de toda a família Pamplona, agradecemos sensibilizados e de coração este gesto de carinho”.

Dona Maria não poupou elogios ao prefeito Celso Zuchi e sua equipe. “Eu e meu marido enquanto vivo, acompanhamos o seu empenho e dedicação diuturna junto das mais altas autoridades deste país, para que fosse possível estarmos aqui com este objetivo, apesar de toda a burocracia e os entraves da legislação”, enalteceu. Emocionada, ela também recordou do dia em que o prefeito e sua vice, Mariluci Deschamps Rosa, foram até a sua casa, em 2013, para fazer o convite para que a ponte se chamasse Dorval Rodolfo Pamplona. “O Dorval, surpreso e feliz com o convite, respondeu que se sentia honrado e satisfeito e que dava a ordem sim”, relembrou Dona Maria.

Para o filho mais velho do casal, Hernani Pamplona, a homenagem ao seu pai é mais do que justa. “O reconhecimento da comunidade e das autoridades por tudo o que meu pai fez por Gaspar. Ele foi sempre uma pessoa muito simples, justa e honesta”, afirmou. Ele lembrou que pai fez questão de devolver pessoalmente o dinheiro que sobrou da obra da Ponte Hercílio Deeke. “Ele pegou o dinheiro, colocou em uma mala e foi à Florianópolis devolver pessoalmente ao Secretário da Fazenda”. Hernani só lamentou o fato do pai não poder presenciar a inauguração da ponte. “Desde que recebeu o convite do prefeito Celso Zuchi, em 2013, para que seu nome fosse dado à ponte, eu levei meu pai três vezes para ver a obra. Ele se emocionava e dizia que gostaria muito de passar por sobre a ponte, infelizmente não deu tempo, ele morreu dois anos antes, mas sei que meu pai está muito orgulhoso dessa obra que vai trazar um grande benefício para Gaspar e todo o Vale do itajaí”, destacou o filho.

Presente também à solenidade, Paulo Rodolfo Pamplona, 91 anos, lembrou com carinho do irmão. “Ele foi prefeito numa época em que a prefeitura só tinha um caminhão. O Dorval sempre foi dedicado à comunidade, ajudava muito. A homenagem foi muito merecida”. Sônia Pamplona, sobrinha de Dorval, também lembrou com carinho do tio. “Ele era uma pessoa muito correta e íntegra”.

A vida

Dorval Rodolfo Pamplona nasceu em uma família numerosa – 16 filhos – no bairro Gaspar Mirim em 1922. Estudou no Grupo Honório Miranda e trabalhou na lavoura, ajudando o pai a plantar cana-de-açúcar e arroz. A família também produzia produtos artesanais, como cachaça, melado e farinha. Mais tarde trabalho em indústria de beneficiamento de arroz de propriedade da família Pamplona. Casou com Maria Deichmann Pamplona, com quem teve cinco filhos – quatro homens e uma mulher. Ainda jovem filiou-se à UDN – União

Democrática Nacional. Convidado e, após autorização do seu pai, Rodolfo Vieira Pamplona (um dos primeiros vereadores de Gaspar), e atendendo a um pedido do governador Irineu Bornhausen, aceitou ser candidato à prefeito de Gaspar, tendo disputado a eleição em 1955. Foi então eleito, com 1.772 votos, o quarto prefeito do município, com apenas 33 anos. Governou a cidade de 1956 a 1961. No primeiro ano de mandato não recebeu salário. Já nos três anos seguntes, ele recebia um salário-mínimo, que na época era de CR$ 7,50 (sete cruzeiros e cinquenta centavos). Dentre as grandes obras que realizou na sua passagem pela prefeitura de Gaspar, Dorval Pamplona tem a construção da Ponte Hercílio Deeke. Dorval contou, em reportagem publicada no Jornal Metas há oito anos, que foi pessoalmente à Florianópolis cobrar do então governador, Jorge Lacerda, a promessa de construir a ponte. No mesmo instante, o governador chamou o então secretário Estadual da Fazenda, Hercílio Deeke, é mandou liberar CR$ 9.500,00 (nove mil e quinheiros cruzeiros), cabendo à prefeitura a contrapartida de CR$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros).

Uma enchente, durante a obra, levou parte da base da ponte. A empreiteira acabou falindo e Dorval foi até Florianópolis atrás de mais dinheiro para terminar a obra. Usava seu próprio veículo, um fusca, para ir à capital. Ele conseguiu mais CR4 4 mil (quatro mil cruzeiro) e contratou uma nova empresa. A obra foi inaugurada em 1960, com a sobra de CR$ 110 ,00. Dorval voltou à Florianópolis, desta vez para devolver o dinheiro, antes, porém, ampliou a Escola Básica Frei Policarpo, no Belchior, com mais duas salas de aula. Dorval morreu, aos 92 anos, em julho de 2014.

 

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