O executivo português Firmino Rocha afirmou, em delação premiada assinada com o Ministério Público de Minas Gerais, que a empresa em que trabalhava pagou propina ao ex-presidente do PSDB mineiro e aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) Nárcio Rodrigues, preso temporariamente nesta segunda-feira (30) na Operação Aequalis.
Segundo o delator, o suborno teve valor de cerca de R$ 1,5 milhão e parte dele foi destinado ao financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Na época, Rodrigues ocupava o cargo de secretário estadual de Ciência e Tecnologia do governo do hoje senador Antonio Anastasia (PSDB).
De acordo com o executivo, a propina teve origem em contrato superfaturado de venda de equipamentos para o centro de pesquisa mineiro Cidade das Águas, e parte foi remetida ao paraíso fiscal de Hong Kong em 2014.
Rodrigues foi um dos coordenadores políticos das campanhas eleitorais estaduais de Anastasia em 2010 e do tucano Pimenta da Veiga, derrotado no pleito de 2014. Ex-presidente do PSDB estadual e ex-deputado federal em cinco mandatos, sempre teve forte ligação com Aécio.
Firmino Rocha revelou que a propina foi paga para que o grupo Yser, um dos maiores de Portugal, fosse beneficiado em contrato superfaturado no esquema de aquisição de material para a “Cidade das Águas”, projeto da Fundação Hidroex sediado em Frutal (MG), cidade de Rodrigues e sua base eleitoral.
Segundo a Controladoria-Geral de Minas Gerais, que investigou a obra em conjunto com o Ministério Público, os equipamentos foram comprados sem licitação e com superfaturamento de R$ 3,8 milhões. Apesar de terem sido pagos, os equipamentos não teriam sido entregues, gerando prejuízo de R$ 8 milhões ao governo do Estado.
Segundo a auditoria, a aquisição do material para o laboratório da “Cidade das Águas” foi montada de maneira que uma empresa do grupo Yser, a Biotev, da qual Firmino chegou a ser presidente, fosse a executora do projeto.(Folhapress)