Esta foi a impressão do vendedor de churros, Getúlio Padilha, de 67 anos, sobre a nova rede de fiação subterrânea na Rua do Príncipe, no Centro de Joinville. Como toda obra que interfere no trânsito, o período de instalação trouxe transtornos à população, mas no final valeu a pena, diz o vendedor.
— Visualmente ficou melhor — avalia também o balconista Wendell Bahia, de 29 anos, que há cinco trabalha na casa de lanches ali perto.
Ruas mais bonitas. Esta é a diferença mais marcante para quem passa pelas nove vias contempladas na segunda etapa de instalação da rede subterrânea de energia, embora aquilo que não aparece seja tão ou mais importante.
De acordo com o chefe de Divisão de Projetos e Construção da Distribuição da Celesc, Walério Sandro da Costa Moreira, a nova rede subterrânea não deve apresentar problemas, enquanto a rede aérea necessita de manutenção periódica porque enfrenta vários desafios: árvores que caem sobre os fios durante vendavais, ninhos de joão-de-barro e caminhões que encostam na fiação.
Enquanto vendia seus churros, Padilha ouviu muitas vezes os “estouros” quando os caminhões encostavam na fiação aérea. Quando isto acontecia, Michele Nunes, sócia-proprietária da casa de lanches instalada poucos metros à frente de Padilha recorda-se de ter ficado sem luz em três ou quatro ocasiões. Outros veículos também prejudicam a rede quando batem no poste.
— Todo dia alguém bate em um poste e, conforme a intensidade, pode haver interrupção no fornecimento de energia — afirma o engenheiro da Celesc Walério Moreira.
Tudo isso agora é passado. Onde foi colocada a nova rede, os sistemas de água, luz, telefonia e gás passam a ficar protegidos.
20 vezes mais cara
Diante dos benefícios que apresenta, o ideal seria expandir a rede para toda a cidade, no entanto, o custo é o principal limitador. De acordo com o engenheiro da Celesc, Walério Moreira, a rede subterrânea é 20 vezes mais cara.
Para fazer um quilômetro de rede aérea em um centro urbano o valor é de R$ 100 mil, enquanto a subterrânea sai por R$ 2 milhões. O valor mais elevado se deve, principalmente, à complexidade e amplitude das obras de construção civil, que demoram mais de um ano.
Quando não há falhas constantes na rede aérea, Moreira diz que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) considera a obra questão estética e quem paga é o interessado. Em geral, a rede subterrânea tem sido incluída como parte de obras do poder público de revitalização em áreas centrais, sem custo para Celesc. Segundo ele, não há uma política definida para expansão da rede em todo o Estado.
A segunda etapa que contemplou as ruas do Príncipe, Nove de Março e adjacências foi concluída em 18 de maio. A primeira teve como foco a rua Visconde de Taunay e foi entregue em 2011.
Naquele ano, a cidade passou a integrar o grupo dos sete municípios catarinenses que contam com este sistema mais moderno, ao lado de Jaraguá do Sul, Florianópolis, Itajaí, Criciúma, Lages e Sombrio. A solução, contudo, não é recente. Em Florianópólis, a primeira rede foi instalada há 20 anos, segundo o engenheiro.
Em Joinville, O Governo do Estado, a Celesc e a prefeitura estudam a realização da terceira etapa para contemplar outras ruas centrais, mas não há perspectiva de quando o estudo sairá do papel, pois ainda não existe dotação orçamentária.
Rede subterrânea de energia – segunda etapa
– Conclusão das obras: 18 de maio de 2016
– Duração: 30 meses
– Investimento: R$ 8,2 milhões do Governo do Estado e R$ 1 mihão da prefeitura de Joinville
– Extensão: 2,4 quilômetros
– Instalação: Centrais Elétricas Distribuição (Celesc) colocou a rede subterrânea e a prefeitura fez a instalação do novo sistema de iluminação pública
Ruas contempladas:
Nove de Março
Rua do Príncipe
São Francisco
Comandante Eugênio Lepper
São Joaquim
Engenheiro Niemaier
Jacob Richlin até a esquina com JK
Luiz Niemeyer
Marinho Lobo