Sol, ondas, disputas de alto nível e confraternização: assim começou o Festival Santos de Longboard, no Quebra-Mar.
Sol forte, ondas de até 1,5 metro, Parque Municipal Roberto Mario Santini cheio, disputas de alto nível e um clima de confraternização entre várias gerações do surf. Assim começou o Festival Santos de Longboard, na Praia do José Menino, junto ao Quebra-Mar nesta quinta-feira (21).
O feriadão ajudou na festa, com um grande público, que acompanhou grandes nomes dos pranchões, desde ícones como Picuruta Salazar, tops do Circuito Mundial como Jefson Silva, Jefferson Silva, Chloé Calmon e Atalanta Batista, a pioneiros como Chico Paioli, Fábio Boturão, John Wolthers, Homero Naldinho e Wady Mansur.
Com previsão de manter boas ondas, o evento organizado pela Associação Santos de Surf e patrocinado pela Rumo, termina nesta sexta-feira (22), com as disputas a partir das 8 horas, primeiro com os juniores, e as finais das 11 às 13h. “A expectativa é de mantermos esse clima sensacional, de reunião de gerações, confraternização, junto com disputas do melhor nível técnico. É muito bom ver o Quebra-Mar lotado, por causa do evento”, destacou o presidente da Santos Surf, Marcos Andrade, o Cabeça.
Nesta quinta-feira, a grande atração ficou para a open e o “anfitrião” dos competidores, Picuruta Salazar mostrou que aos 55 anos ainda continua com muito surf, garantindo sua classificação para a semifinal. “É muito bom competir em casa, reencontrar amigos”, afirmou.
Mas quem deu um verdadeiro show nas ondas do Quebra-Mar, foi Jefson Silva, de São Sebastião, quinto colocado no Mundial Profissional de Longboard no ano passado. À vontade e com um surf afiado, garantiu a maior nota do evento, 9,67, logo na primeira apresentação. Depois, no round 2, um 9,23. “A onda aqui do Quebra-Mar é muito parecida com a da Baleia, onde surfo, e me senti em casa”, comentou.
Destaque, também, Jefferson Silva, do Rio de Janeiro, que tem quase o mesmo nome e teve a mesma posição no Mundial, Jaime Viúdes, de Guarujá, Carlos Bahia, outro nome de São Sebastião, e Alexandre Wolthers, mais um talento santista. Os seis mais Wenderson Biludo e Anderson Silva já estão nas semifinais, com garantia de grandes performances nesta sexta-feira.
Outra categoria que empolgou o público foi a feminina. E não era para menos. Na água, a carioca Chloé Calmon, atual terceira melhor do Mundo e vindo de uma vitória na etapa da Austrália, e a pernambucana Atalanta Batista, quinta colocada no Mundial. A surfista do Rio de Janeiro venceu e convenceu na sua bateria – inclusive com um 8,33, a melhor nota da categoria nesta quinta-feira – e, ao sair do mar, teve de atender uma “legião” de fãs, para vários selfies e postagens em mídias sociais.
Entre elas, Gabriela Gonçalves, de apenas 14 anos, rival na bateria e que avançou junto com a top mundial para as semifinais. “Sou fã dela. Estou muito feliz, porque ela é a minha inspiração no long. Só de passar a bateria e como se tivesse ganhado. Não sei nem explicar a sensação”, disse Gabi, que começou a surfar aos três anos de idade e nos pranchões há seis meses.
Chloé ficou feliz com o desempenho e a receptividade santista. “Foi muito maneiro. Altas ondas. Foi muito legal estar lá fora e dividir o outside com as outras meninas. A Gabi é da nova geração daqui de Santos e fiquei feliz”, comentou.
Quem também surfou muito bem nas ondas do Quebra-Mar, prometendo uma disputa acirrada nesta sexta-feira foi Atalanta Batista, que veio de Pernambuco exclusivamente para a competição. “Como não temos muitos campeonatos no Brasil, valeu a pena. O evento está muito legal e é sempre bom reencontrar os amigos”, ressaltou.
KAHUNAS – Além da open e feminina, o Festival Santos de Longboard conta com as categorias júnior (até 20 anos), kahuna (45 a 49 anos), gran kahuna (50 aos 59 anos) e pioneiros (60 anos em diante). Com chances de se destacar na open, Marcelinho do Tombo, de Guarujá, foi o nome na kahuna. Nas duas apresentações, garantiu grandes scores. “Tentei na open, mas já não tinha mais vaga. E não queria ficar de fora dessa festa”, comentou o surfista. Ainda na kahuna, destaques para Alex Miranda, de São Paulo, e Marcelo Lima, também de Guarujá.
Na grand kahuna, o nome do dia foi Marcelo Bibita, que veio do Ceará só para o evento. Outra boa performance foi Neco Carbone, de Guarujá, responsável pelo shape dos pranchões New Advance que serão entregues na premiação. “Se eu ganhar, vou ficar feliz, porque as pranchas estão fantásticas”, falou Neco, fazendo propaganda própria.
O diretor técnico do campeonato e também head judge do Circuito Mundial, Mauro Rabellé, resumiu bem o clima encontrado nesta quinta-feira no Quebra-Mar. “É uma satisfação ver toda essa galera reunida, trocando ideias e claro, mostrando o que há de melhor nas ondas”.
A premiação conta com com seis pranchões da New Advance. Na disputa feminina, as finalistas ganharão peças voltadas ao surf da Água Marinha. Outro destaque fica para os produtos da Rubber Sticky. O vencedor da júnior levará um shape de skate Tábua Havaiana e há também quilhas Alma Quilhas e kits da Cinza General Store, Fu Wax Parafinas e Okumura Temakeria para todas as categorias.
Rei do surfe na Pororoca, Marcelo Bibita viaja do Ceará para Santos para prestigiar o Festival
Marcelo Bibita é uma das figuras mais conhecidas no surf cearense. Como ele mesmo diz, o surf é sua vida. Atleta vindo de mais longe presente no Festival Santos de Longboard, ele estampava felicidade neste primeiro dia de evento. “Vim para cá para encontrar meus amigos. Meu sonho era participar desse evento. Me amarro. Gosto de ver essa galera, porque a gente não tem muito acesso lá”, comentou.
Responsável pelo Festival de Longboard de Jericoacoara, Bibita aproveitou a elite reunida para fazer um convite para conhecerem o seu evento. “Vamos dizer que é a Makaha (alusão ao Havaí), do Ceará. É uma onda que dá 300 metros de extensão nos dias melhores. Vim para convidar e também vou aprender e vou levar para lá. Mostrar para o pessoal como o longboard tem crescido”, relatou.
Aos 52 anos de idade, mais de 40 nas ondas, Bibita também é diretor de eventos da Associação de surf na Pororoca. Se orgulha de ter sido recordista na turbulenta onda no encontro do rio com o mar. Também é presidente da Associação de Surf de Caucaia, região que já revelou grandes nomes do esporte, tem uma fábrica de pranchas e, claro, é competidor. “Estou sempre envolvido com o surf. Minha vida é surf”, anunciou.
Competindo na categoria gran kahuna, ele começou muito bem nesta quinta-feira, com a melhor atuação. “Vencer é consequência, mas não dou mole. Já estar aqui é uma vitória. Tenho sangue nos olhos e quero dar retorno para a Pranchão, que viabilizou minha viagem. Tem de dar suor”, avisou.