Desafio é formar os avaliadores para os novos instrumentos definidos pelo INEP, alerta especialista
Os novos instrumentos de avaliação das instituições de ensino superior no Brasil vão exigir do Ministério da Educação um esforço extra na capacitação dos avaliadores que integram o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). A opinião é do professor Fabrício Ricardo Lazilha, avaliador do MEC, especialista no assunto e diretor de Planejamento de Ensino da Unicesumar. Segundo ele, os novos critérios definidos pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) são mais subjetivos e avaliam as instituições de forma mais qualitativa. “Até o ano passado, o número de alunos dividido pelo número de títulos na biblioteca, por exemplo, dava um número de referência numa tabela que indicava um índice. Para este ano, tudo mudou. Os avaliadores que estavam acostumados aos critérios antigos precisam estar atentos para que a avaliação seja isenta e justa”, alertou.
O INEP está com o processo de seleção e formação de novos avaliadores para 2018. Até o ano passado, segundo Lazilha, eram cerca de cinco mil avaliadores no Brasil. “Esse cadastro passou por um processo de higienização e novos avaliadores serão cadastrados para este ano. Tanto os novos, quanto os mais antigos, como eu, deverão ser capacitados para avaliar as instituições a partir dos novos critérios, Se isso não acontecer, uma instituição poderá ser avaliada de uma forma e outra, de outra, causando desequilíbrio no sistema de avaliação”, destacou.
Na avaliação do especialista, os novos critérios são mais adequados à realidade da formação acadêmica no Brasil. “O INEP indica o crescimento da EAD ano a ano na formação de novos profissionais no mercado. Por conta isso, a partir desse ano, o INEP criou indicadores específicos para avaliar a EAD, que até o ano passado era avaliada com critérios muito próximos de um curso Presencial”, explica Lazilha.
A partir desse ano, as instituições de ensino superior que oferecem a modalidade EAD serão avaliadas por sua equipe multidisciplinar, pelo ambiente virtual de aprendizagem, pela formação acadêmica dos tutores, pela atuação dos coordenadores e a sua relação com tutores e professores e pela qualidade do material didático, entre outros critérios. “Destaca as particularidades da modalidade. Para os alunos, esses novos critérios traduzem de forma mais precisa a qualidade das instituições que eles vão escolher para a sua formação”, enfatiza.
Confira os principais trechos da entrevista do professor Fabrício Lazilha sobre os novos critérios de avaliação das instituições de ensino superior no Brasil.
– Os novos instrumentos são positivos, negativos ou inócuos? Por que?
– De maneira geral, há ganhos, especialmente em relação aos cursos a distância. Os principais indicadores tiveram suas redações ajustadas para que possam qualificar melhor as especificidades dessa metodologia. Além disso, foram incluídos indicadores específicos para a modalidade, como por exemplo a existência, estruturação e atuação de uma equipe multidisciplinar, que é imprescindível no processo de EAD. Por ser uma metodologia mediada pela tecnologia, o ambiente virtual de aprendizagem passa a ser avaliado e a Unicesumar, que criou o Studeo, um AVA autoral e 100% customizado, sai na frente nesse quesito.
– Dessas mudanças, quais têm efeito mais positivo e concreto, de curto e médio prazos, para a melhoria do ensino superior no país?
– Os novos instrumentos passaram a considerar com mais detalhes e profundidade as características das modalidades Presencial e EAD. Com isso, as instituições de ensino superior terão de ajustar seus processos para atendimento desses novos instrumentos, o que deve impactar de forma direta nas propostas metodológicas existentes. Com maior subjetividade na interpretação dos indicadores, obter conceito 5 em alguns deles exigirá um novo planejamento e novas práticas.
– A partir desses critérios de avaliação do MEC, o que os candidatos/alunos devem observar nos cursos e instituições escolhidos? Esses critérios são visíveis e identificáveis para o público em geral?
– Os resultados dessas avaliações (Autorização e Reconhecimento) vão compor, juntamente com outras variáveis, os resultados da avaliação das IES a partir de agora. Então, os alunos e candidatos podem acompanhar os conceitos de Reconhecimento dos Cursos e as notas do ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e CPC (Conceito Preliminar de Curso) para escolher onde estudar. Todos os cursos de EAD da Unicesumar que já passaram pelo processo de Reconhecimento, por exemplo, possuem conceitos 4 ou 5. Nossos resultados no ENADE também são excelentes, com notas 4 e 5 no CPC. A Unicesumar possui CI 5 (nota máxima) e IGC 4 por sete anos consecutivos. Esses indicadores ganham maior relevância para ajudar os alunos escolherem onde querem estudar.
– Que perfil de instituição de ensino tem condição de obter melhor avaliação do MEC a partir desses novos instrumentos?
– Aquelas que já possuem projetos bem estruturados no que diz respeito a metodologia, tecnologia, equipes com boa formação (pedagógica, suporte, operações), profissionais com perfil analítico integrando a equipe multidisciplinar e uma rede de polos alinhadas com a missão e o projeto institucional. No caso da EAD, os polos têm um papel importante no processo.