Dois meses depois de dizer “não” à CBF, Tite voltou a causar preocupação no Corinthians por causa de um eventual novo convite para dirigir a seleção brasileira. A eliminação da equipe de Dunga na primeira fase da Copa América Centenário, no domingo, reforçou os holofotes sobre o comandante do Timão.
Segundo informações do repórter Andrei Kampff, da TV Globo, Tite aceitaria dirigir a Seleção se fosse convidado pela CBF novamente. O treinador, porém, só topa negociar depois que Dunga deixar o cargo.
Ele também pretende ter autonomia para trabalhar, montando todo o departamento de futebol profissional. O auxiliar Cleber Xavier e o gerente de futebol do Corinthians, Edu Gaspar, são os nomes mais cotados para fazer parte do grupo do treinador. Tite também poderia levar o preparador de goleiros Mauri Costa Lima e utilizar o auxiliar Fábio Carille como observador. O preparador físico Fábio Mahseredjian já trabalha com a Seleção.
A cúpula da CBF ainda vai definir o futuro de Dunga, mas até quem defendia o técnico em crises anteriores já jogou a toalha. Um dia depois da derrota para o Palmeiras, na casa do rival, Tite comandou um treino na manhã desta segunda-feira e não comentou o assunto.
Dentro do Corinthians, porém, a apreensão voltou. Tite tem contrato com o Corinthians até o fim de 2017, mas um novo chamado da seleção brasileira pode causar indecisão no treinador. Em abril, não houve dúvida: por meio de intermediários, Tite disse que não tinha a intenção de trocar de emprego naquele momento. Dias depois, a CBF confirmou a permanência de Dunga.
– Acabou o boato agora – comemorou Tite, na ocasião.
A cúpula alvinegra aguarda os próximos passos da CBF. Afinal, o técnico ainda nutre o sonho de dirigir a equipe nacional em algum momento da carreira. Mesmo assim, a diretoria mantém confiança sobre a continuidade no trabalho e, por enquanto, não trabalha com a possibilidade de perda. Os jogadores mostram preocupação.
– O Corinthians perderia um grande treinador, não à toa se cogita o nome dele na Seleção, pelos títulos, pelo belo trabalho. Uma situação que vai se arrastar um pouquinho, mas é merecimento ao trabalho dele. Vamos ver o que vai acontecer nos próximos dias – afirmou Marquinhos Gabriel, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.
Desde a recusa à Seleção, o comandante viveu altos e baixos no Corinthians. As eliminações do time em Campeonato Paulista e Taça Libertadores geraram um princípio de crise, mas a mudança de esquema tático e a boa fase no Brasileiro amenizaram o ambiente. A derrota para o Palmeiras não mudou a condição do técnico dentro do clube.
Um motivo de alento à diretoria do Corinthians é a lealdade de Tite a Andrés Sanchez, ex-presidente e superintendente, hoje sem cargo no clube. O técnico não gostaria de comandar a Seleção neste momento em virtude das denúncias de corrupção na CBF. Mesmo afastado, Marco Polo Del Nero segue poderoso nos bastidores. Ele é desafeto de Andrés.
Também por meio de intermediários, Tite recusou duas conversas com a CBF no ano passado, durante a campanha que culminou no título brasileiro. A revelação foi feita em sua biografia, assinada pela jornalista Camila Mattoso.
No início de maio, Tite encontrou Dunga em uma reunião de técnicos no Rio de Janeiro. Os dois não conversaram sobre seleção brasileira.
– Não, não. Passou já. Passou. Estamos falando sobre o futebol em macro – destacou Tite.
Desta vez, teoricamente, o caminho está mais livre. Não há mais a disputa da Libertadores, apenas a briga pelo Campeonato Brasileiro. O Corinthians aguarda os próximos capítulos, mas não quer se desfazer do treinador mais vencedor de sua história.