Campeão nas Ilhas Fiji em 2014, conquista importante na corrida pelo inédito título mundial do Brasil no surfe naquele ano, Gabriel Medina afastou um incômodo tabu para superar o atual campeão mundial Adriano de Souza em uma batalha de tubos pelas quartas de final da quinta etapa. Em oito confrontos pela elite diante do rival, o fenômeno de Maresias havia levado a melhor em apenas em um, nas semifinais da etapa de Hossegor, na França, na temporada passada. Mas poucos surfistas no mundo conhecem tão bem a rasa bancada de Cloudbreak como Medina, que já derrubou gigantes e foi autor de um 1 perfeito no round 4, última terça-feira. E provou mais uma vez o seu domínio ao vencer Mineirinho, por 10.86 a 8.83. Ele terá como adversário nas semifinais o americano Kelly Slater, algoz de Wiggolly Dantas nas quartas.
– É difícil enfrentar o Adriano, mas somos amigos. Tomamos café da manhã juntos, ele surfou muito bem. Tive algumas oportunidades de vencê-lo, como em Bells, mas ele é muito forte em Bells. Eu estou me sentindo muito bem por tê-lo vencido pela segunda vez – contou Medina, que estava na torcida para a vitória de Wiggolly sobre Slater.
Em um duelo muito equilibrado na bateria 1 das quartas em Fiji, Medina se recuperou da vaca na primeira onda (1.00) e encontrou um pequeno tubo (4.00) para assumir a dianteira do placar, com 5.00 pontos. Mineirinho se entocou ainda mais em outro cilindro (5.83) e mostrou que o paulista de São Sebastião teria de fazer ainda mais para superá-lo. Sem a prioridade, Medina achou um tubo, desapareceu atrás da parede de água e arrancou um 6.33 para chegar a 10.33 contra 8.33 de Adriano. Com a disputa indefinida, ficou claro que o confronto seria definido no detalhe.
O paulista do Guarujá estava com a prioridade, mas Gabriel viu uma boa oportunidade no horizonte. Depois do tubo, a onda abriu e ele partiu para as manobras na parte crítica, mas acabou sendo engolido pelo mar. Se tivesse completado, teria alcançado uma nota alta. Mineirinho precisava de apenas 5.04 para virar.
Adriano ainda sofreu com a força do mar e teve a prancha quebrada a 15 minutos para o fim, quando uma série forte quebrou sobre a bancada. Ele tentou mais uma vez buscar a pontuação necessário para assumir a ponta, mas também não completou. Quem encontrou a melhor foi Medina. Ele aplicou boas rasgadas, desenhando arcos grandes na parede na onda, ganhando nota 4.53 para deixar a situação do adversário extremamente complicada. Logo depois do estouro no cronômetro, o local de Maresias pegou outra, mas o tempo já havia se esgotado. Sorte de Medina, que teve mais uma vitória consistente no campeonato: 10.86 a 8.33.
– Acho que não tive um bom dia, e o Gabriel teve mais habilidade para encontrar as melhores ondas. Cometi alguns erros também, mas isso não é desculpa e eu vou levantar a cabeça para seguir na disputa do Circuito – lamentou Mineirinho.
Slater domina Wiggolly nas quartas
Outro representante do Brazilian Storm na quinta etapa, Wiggolly Dantas não conseguiu se encontrar na bateria contra Kelly Slater. O onze vezes campeão mundial é o maior vencedor nas Ilhas Fiji, com quatro títulos (2005, 2008, 2012 e 2013). Ele fez exatamente o que os juízes queriam: desaparecer nos tubos. Se entocou ta to, que ganhou nota 9.80 para impor respeito sobre o paulista de Ubatuba, também especialista em surfar cilíndros. Com 4.67, Wiggolly precisa de uma grande nota para fazer frente ao americano. Ele bem que tentou, mas só no fim melhorou a pontuação com um 4.73, chegando a 9.40. Ainda distante de Kelly, que ia fazendo sua mágica nas ondas de Cloudbreak. A nota 8.90, vista como excelente pelos critérios de arbitragem, o deixou com 18.70. Foi apenas uma questão de tempo para selar a vitória sobre Guigui. Dantas se despediu com a quinta colocação, repetindo o seu resultado na temporada passada.
Ao se classificar para as quartas de final, o australiano Matt Wilkinson não tem mais a sua liderança ameaçada e irá vestir a lycra amarela de número um na sexta de 11 etapas desta temporada, em Jeffreys Bay, na África do Sul, de 6 a 17 de julho. O único que poderia assumir a ponta seria o havaiano John John Florence, em terceiro lugar do ranking, porém, ele precisava de um tropeço de Wilko no round 4 em Fiji. Os surfistas se enfrentaram em busca de uma vaga nas semifinais, e o aussie acabou levando a melhor: 14.63 a 10.93.
QUARTAS DE FINAL EM FIJI
1. Gabriel Medina (BRA) 10.86 x Adriano de Souza (BRA) 8.33
2. Kelly Slater (EUA) 18.70 x Wiggolly Dantas (BRA) 9.40
3. Mick Fanning (AUS) 13.40 x Adrian Buchan (AUS) 14.60
4. Matt Wilikinson (AUS) 14.63 x John John Florence (HAV) 10.93
SEMIFINAIS
1: Gabriel Medina (BRA) x Kelly Slater (EUA)
2: Adrian Buchan (AUS) x Matt Wilkinson (AUS)