Condenado a 37 anos de prisão no caso do mensalão do PT, o operador Marcos Valério se ofereceu ao Ministério Público de Minas Gerais para firmar um acordo de delação premiada sobre o mensalão tucano. Na quinta-feira (16), seu advogado, Jean Robert Kobayashi Júnior, protocolou na 17ª Promotoria de Patrimônio Público da capital uma proposta nesse sentido. O processo tramita na 9ª Vara Criminal. A informação foi divulgada pelo jornal ‘O Tempo’ e confirmada pelo ‘Globo’.
Segundo Kobayashi, as informações que o operador tem a oferecer são “de extrema relevância” e “precisam vir a público de imediato”. O advogado confirmou que um dos pedidos feitos por Valério como condição para a delação é a sua transferência do Complexo Penitenciário de Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde está preso.
Se tiver o pedido aceito, e a eventual delação, homologada, Valério pode ser companheiro de confinamento do ex-goleiro Bruno Fernandes, condenado pela morte de Eliza Samúdio. Bruno cumpre pena na Apac de Santa Luzia.
O advogado informou que não houve nenhuma negociação com os promotores mineiros antes do protocolo na quinta-feira. Ainda assim, Kobayashi espera uma resposta “imediata”.
Outras delações
Segundo matéria do ‘Globo’, Marcos Valério também negocia acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Alvo da 27ª fase, deflagrada em abril, o operador pode estabelecer um possível elo entre o esquema de corrupção na Petrobras e o mensalão. Desde maio ele é réu na operação.
Em depoimento prestado em 2012, em uma tentativa fracassada de fazer delação premiada, Valério afirmou ter pedido ao pecuarista José Carlos Bumlai que providenciasse R$ 6 milhões para repassar a Ronan Maria Pinto, dono do jornal ‘Diário do Grande ABC’, acusado de chantagear petistas — o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros Gilberto Carvalho e José Dirceu — por ter informações comprometedoras a revelar sobre a morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
Na ocasião, Valério não teria contado aos investigadores que sua empresa, a 2S Participações, teria sido utilizada para intermediar o empréstimo. Na denúncia apresentada contra o operador, o MPF destaca a participação da 2S.
Considerado o embrião do mensalão do PT, o mensalão mineiro envolve desvio de recursos para a campanha de reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. Azeredo foi condenado, em dezembro de 2015, a 20 anos e dez meses de prisão pela 9ª Vara Criminal de BH. Ele recorre em liberdade.