Com déficit de mais de R$ 200 milhões na Saúde, apenas em 2016, o governo catarinense recebe nesta segunda-feira a visita do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR). Pela manhã, ele se reuniu com ogovernador Raimundo Colombo (PSD) e médicos, além de ter feito uma visita ao Hospital Infantil Joana de Gusmão. Apesar do anúncio da liberação de R$ 20 milhões para tratamento de média e alta complexidade, a visita do ministro teve poucos resultados práticos para minimizar a atual crise na saúde pública em Santa Catarina. Durante a passagem pela Capital, um protesto foi organizado por profissionais de saúde. O ministro ainda foi a Joinville, onde visitou o Hospital Pró-Rim e se encontrou com prefeitos e gestores municipais.
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A liberação de R$ 20 milhões da União ao Estado é referente a uma emenda aprovada na Câmara Federal ainda em dezembro de 2015, que prevê um acréscimo de R$ 46 milhões para tratamento de média e alta complexidade para Santa Catarina. O ministro falou sobre a verba e informou que está fazendo um levantamento sobre situação dos Estados.
— O desafio da saúde é de gestão, por isso estou visitando vários Estados. As reivindicações que ouvi aqui em Santa Catarina são justas, mas precisamos ser adequar elas a nossa situação financeira. Esses R$ 20 milhões deixam nossas dívidas em dia, pelo menos temporariamente, com o Estado – diz o ministro.
Apesar da liberação de parte da verba que aumento de repasse que foi aprovada ainda no final de 2015, o governador Raimundo Colombo informou que o resultado da reunião com o ministro não deve ter um resultado imediato:
— Muitas coisas que deveríamos ter a parceria do Governo Federal, mas não temos desde o ano passado, foram discutidas na reunião. O ministro não deu uma resposta imediata sobre as nossas demandas, mas agora precisamos fazer o desdobramento disso para amenizarmos a situação da saúde pública.
O secretário de Estado de Saúde, João Paulo Kleinübing, participou das reuniões e acompanhou o ministro em visita ao Hospital Infantil Joana de Gusmão. Ele falou sobre o déficit na área da saúde no Estado e afirmou que fez um pedido para que a União reconheça gastos que hoje ficam sob a responsabilidade da administração estadual:
— No ano passado, Santa Catarina gastou R$ 48 milhões a mais do que devia para manter as cirurgias eletivas. Além disso, há uma série de medicamentos que o Estado banca por causa de medidas judiciais, mas que são de responsabilidade do Ministério da Saúde.
Após a visita ao Hospital Infantil, Ricardo Barros seguiu para Joinville, onde visitou outras unidades de saúde e se encontrou com prefeitos e gestores de saúde. Barros retornou ao Paraná, seu Estado de origem, no final da tarde de segunda-feira.
Cerca de 40 profissionais de saúde organizaram um protesto próximo ao Hospital Infantil durante a visita oficial. As ações dos manifestantes foram direcionadas à falta de estrutura em hospitais do Estado também contra o ministro. Na semana passada,Barros declarou que “é melhor um médico cubano do que um farmacêutico ou uma benzedeira para atender à população”. Entidades da categoria se pronunciaram repudiando a fala.
— Foi uma declaração infeliz que demonstra o desconhecimento completo do ministro com relação ao sistema de saúde no Brasil. Ele agrediu profissionais – afirma Paulo Roberto Boff, representante do Conselho Federal de Farmácia em Santa Catarina.
Quando questionado sobre os farmacêuticos, o ministro negou que tenha ofendido a profissão.