Catalisador automotivo: você sabe para que serve? Ou onde ele se localiza no veículo? Conseguiria descrever sua forma e seu funcionamento?
Se você respondeu não a essas perguntas acima, relaxe: quase ninguém sabe as respostas, o que mostra que o catalisador não é, de fato, um dos elementos mais populares em um carro.
No entanto, tudo indica que a sina desse discreto componente da mecânica automotiva, que muitas vezes passa despercebido pela maioria dos motoristas, está prestes a mudar. Ao menos, é o que indica a crescente onda de furtos dessa peça nos últimos anos.
O fenômeno é global – no Reino Unido, o roubo de catalisadores cresceu de 2 mil casos em 2018 para 13 mil casos em 2019 – e começa a dar as caras aqui no Brasil também, onde já são registrados incidentes de furtos da peça.
O que explica esse súbito interesse pelo catalisador? Na verdade, os ladrões não estão em busca da peça em si, mas sim de alguns componentes internos, responsáveis pelo funcionamento do sistema.
A função do catalisador é reduzir os poluentes gerados pela combustão do motor – a peça elimina quase 98% deles, o que é ótimo para o meio ambiente. Mas para fazer isso, o catalisador automotivo precisa de substâncias catalisadoras, que são capazes de transformar um elemento químico em outro. Nesse caso, estamos falando de alguns metais que possuem essa característica, e ficam dentro da peça.
O que acontece é que esse metais – como ródio, paládio e platina – são considerados raros e, nos últimos anos, viram seus preços dispararem no mercado de metais preciosos devido à sua crescente escassez. A onça de ródio, por exemplo, viu seu preço saltar de US$1.700 dólares há três anos para bater os US$ 27.000 em 2021.
Com valores estratosféricos como esses, não deveria causar surpresa que a criminalidade voltasse sua atenção para essa fonte acessível de metais preciosos: o catalisador do seu carro. Estima-se que um catalisador furtado possa render em torno de 400 dólares em metais, cerca de 2 mil reais.
Em diversos países, tem se tornado comum que bandidos ignorem a presença de pessoas e apliquem o ato criminoso em plena luz do dia: geralmente em duplas, um deles cuida de levantar o carro para que o parceiro retire a peça. Agindo com rapidez, eles fogem e desaparecem da vista dos perplexos transeuntes.
Para as vítimas, o problema vai além do roubo da peça: na pressa, os malfeitores simplesmente cortam, arrancam ou destroem todo o sistema de escapamento do carro, o que gera prejuízos ainda maiores. “Alguns modelos de carros são preferidos pelos bandidos por conta da localização mais acessível do catalisador, que facilita o trabalho criminoso deles”, alerta Gustavo Braga, diretor da Carupi, uma autotech de compra e venda de carros online.
Cuidado com golpes
O especialista também alerta para a possibilidade de de golpes que começam a aparecer no mercado, visando os catalisadores. Segundo Braga, a peça original costuma ter vida útil de 80 mil km, mas em muitos casos continua funcionando bem por muito mais tempo. “É importante estar atento a quem condena a peça, dizendo que precisa ser trocada por uma nova. Pode ser uma tentativa de repassar o catalisador retirado do carro no mercado paralelo e obter algum lucro”, adverte.
No caso dos roubos, o executivo da Carupi aconselha prestar atenção aos locais onde se estaciona o carro, e também aos horários. “Pode compensar pagar um estacionamento fechado ou talvez caminhar um pouco mais, e garantir que seu carro não seja o próximo alvo”, conclui.