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Empresas de tecnologia de SC devem abrir 16 mil vagas até 2023, aponta ACATE

Levantamento inédito da Associação Catarinense de Tecnologia mostra ainda quais são as funções e habilidades que estão em alta

As empresas de base tecnológica de Santa Catarina devem abrir 16.612 novas vagas até 2023, sendo mais da metade delas – 9.303 postos ou 56% – para desenvolvedores de software. Os resultados desse levantamento inédito da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), divulgados recentemente, evidenciam o cenário de retomada do mercado de trabalho do setor de TI e o crescimento exponencial de novas vagas.

“As remunerações na área de tecnologia partem de R$ 3 mil e costumam ser três vezes superiores ao salário médio da indústria. Ou seja, são postos que podem representar um ganho significativo para as famílias e auxiliar na retomada econômica e na geração de emprego e renda – fundamentais para o país em um período pós-pandemia. As empresas, mesmo as de outros segmentos, também necessitam desses talentos. Por isso, é fundamental o apoio de todos – Governo, empresas, entidades e academia – para formação desses profissionais”, reforça o presidente da ACATE, Iomani Engelmann.

O presidente ainda destaca que o mapeamento demonstra o avanço do mercado de tecnologia a cada ano: são 4,5 mil novos postos até o fim de 2021, 5,3 mil em 2022 e 6,6 mil em 2023.

A ACATE realizou o mapeamento com as empresas de tecnologia de Santa Catarina e 228 delas responderam formalmente a pesquisa. Com apoio de professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi feita a extrapolação dos dados. Segundo as estatísticas, as funções mais demandadas são Desenvolvedor Full Stack, Back-end e Front-end, seguidas por analista de serviços/suporte TI e analista de negócio.

Já em relação às competências dos candidatos, as mais exigidas são conhecimentos em tecnologias ágeis, experiência profissional na área, habilidade em execução de projetos e domínio de linguagens de programação. Inglês e formação acadêmica, por exemplo, aparecem na 7ª e 8ª posição entre as mais demandadas.

Porém, sabe-se que apenas a formação ou conhecimentos técnicos não bastam. A pesquisa identificou ainda quais são as soft skills, ou habilidades interpessoais, mais valorizadas. Neste quesito, a que domina é a capacidade de resolver problemas (90,8%), seguida por trabalho em equipe (78%) e proatividade (68%).

Evasão de estudantes

Santa Catarina é o segundo estado do Brasil com maior percentual de alunos do ensino superior em cursos voltados às competências de tecnologia, porém apenas 11% se formam nessas graduações. Assim, a pesquisa também ouviu  175 estudantes de cursos relacionados à tecnologia no estado para entender o que explica essa alta taxa de evasão. Os principais motivos apontados foram: não identificação com o curso, qualidade do ensino remoto e não conseguir acompanhar os conteúdos.

“Precisamos de uma jornada de formação de talentos para a tecnologia. Essa iniciativa de longo prazo deve englobar todas as fases de aprendizado, inclusive com projetos para que crianças despertem para a tecnologia, passando por um reforço no ensino de ciências exatas nas escolas e, por fim, oferecendo cursos de formação para jovens”, acrescenta o presidente da ACATE.

>> Confira  o levantamento completo neste link <https://www.acate.com.br/wp-content/uploads/2021/07/Resultado-mapeamento-vagas-tecnologia-SC_formatado-MKT_rev2.pdf>

Dificuldades na hora da contratação

Diversas iniciativas estão em andamento para auxiliar neste processo e driblar a falta de profissionais qualificados. Uma delas é o DEVinHouse, um programa online lançado no ano passado pela ACATE e pelo SENAI para formação de desenvolvedores em nove meses e com bolsas de estudo integrais. As empresas participam do projeto como patrocinadoras e depois contratam parte dos formados. Na primeira turma, a parceira foi a Softplan que, mesmo antes da conclusão do curso, já contratou 12 alunos. Considerada uma das principais desenvolvedoras de software do país, somente a Softplan abriu, no primeiro trimestre de 2021, uma média de 100 vagas por mês. A expectativa do DEVinHouse é iniciar a formação de 225 desenvolvedores neste ano.

A RD Station, desenvolvedora de software (SaaS) para pequenas e médias empresas,  também enfrenta o desafio de encontrar profissionais qualificados. A companhia, sediada em Florianópolis (SC), tem mais de 700 colaboradores e cerca de 100 vagas abertas. A expectativa é contratar mais 200 profissionais ainda em 2021. “Sem dúvida o maior desafio para contratação é na área de tecnologia, em posições de produto e engenharia. Felizmente existe muita vaga no mercado, infelizmente se investiu muito pouco em formação de base e formação profissionalizante para pessoas atuarem em empresas digitais e em funções que hoje existem em empresas de tecnologia. Parte do desafio está em equilibrar a escolha em remunerar muito bem os mais capacitados e experientes versus contratar talentos em potencial e formar”, destaca Anderson Nielson, diretor de Talent Management na RD Station.

Outras iniciativas para driblar a falta de profissionais qualificados

“Esse levantamento mostra que há uma demanda crescente por profissionais em empresas de tecnologia. Se fossem consideradas companhias de outros segmentos e que também precisam desses talentos com perfil tecnológico, esse número seria bem maior. Para atender a demanda e ao mesmo tempo gerar oportunidades de inclusão social por meio de uma carreira promissora, já temos iniciativas com a participação de diversos atores do ecossistema de tecnologia. E outros programas estão sendo concebidos, inclusive envolvendo o Governo do Estado de SC”, reforça o vice-presidente de Talentos da ACATE, Moacir Marafon.

Além do DevInHouse, Marafon cita como exemplo o Programa Jovem Programador coordenado pelo Sindicato Patronal das Empresas de TI de SC (SEPROSC), com o SENAC/SC como executor, em parceria com a ACATE e empresas. Estão previstas 635 vagas ainda em 2021 com turmas em 11 cidades do Estado. Outra iniciativa é o Entra21, desenvolvido pelo polo de tecnologia de Blumenau, que forma, em média, 300 profissionais por ano.

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