A última estatística oficial da pesca extrativa, realizada pelo extinto Ministério da Pesca e Aquicultura, no ano de 2009, apontou a produção de 228 mil toneladas de pescado e, considerando que essa atividade não deu sinais de crescimento quantitativo, deve continuar responsável pela oferta desse volume de produtos.
Por outro lado, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a aquicultura foi responsável pela produção de cerca de 599 mil toneladas em 2019, e movimentou R$ 4,7 bilhões. Eduardo Ono, presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), destaca a importância da atividade: “A aquicultura cresce continuamente na região, procurando sempre implantar as boas práticas na criação, aumentando a eficiência produtiva e sua competitividade, utilizando de modo racional os recursos naturais, convivendo em harmonia com o meio ambiente, que é o alicerce para o seu desenvolvimento.
Eduardo Ono enfatiza que “a produção de espécies sob risco como o tambaqui e o pirarucu também contribui com sua sustentabilidade, por meio da garantia da oferta e menor pressão sobre os estoques selvagens”.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ressalta que no cenário pesqueiro, a região se destaca em relação às demais pela riqueza de espécies exploradas e quantidade de pescado capturado e consumido anualmente. Segundo os levantamentos realizados por autores da região, estima-se a existência de 1,3 mil a 2,5 mil espécies de peixes, embora apenas 200 espécies estejam entre aquelas exploradas com fins comerciais e de subsistência. Estudos apontam que essa diversidade de pescado na região pode estar vinculada a variados fatores, entre eles estão algumas variáveis ambientais, como a dinâmica dos rios e o tipo de água (branca, clara ou preta).
A pesca na região Amazônica e seus diversos frutos econômicos e sociais são um dos principais temas da campanha nacional da Semana do Pescado. O evento, que era organizado pelo extinto Ministério da Pesca e hoje é desenvolvido pela própria indústria, está na sua 18ª edição sendo considerado a “segunda quaresma” por buscar tornar o consumo de pescado algo ainda mais parte do dia a dia do brasileiro.
Desafios do setor
A análise é compartilhada por Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá. Ela também aponta que o maior desafio para o futuro do setor é a atualização da frota pesqueira, com barcos com melhor estrutura para armazenar o pescado.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi criado em abril de 1999 e é uma Organização Social fomentada e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Desde o início, o Instituto Mamirauá desenvolve suas atividades por meio de programas de pesquisa, manejo de recursos naturais e desenvolvimento social, principalmente na região do Médio Solimões, no estado do Amazonas.
Estudo do Instituto, em 2017, indica que a renda proveniente do manejo de pirarucu representa cerca de 40% de toda a renda proveniente da pesca e 15% da renda geral.
Ana destaca o desenvolvimento do modelo de unidade flutuante de pré-beneficiamento de pirarucu, que reúne um conjunto de tecnologias de tratamento de água e energia solar, feito para melhorar a qualidade do pescado nessa etapa inicial do processo.
“Com isso estamos atacando um problema inicial da cadeia, mas outros elos, como o de transporte da produção, também estão muito defasados. Isso requer investimento no setor pesqueiro para que as embarcações se atualizem e estruturem melhor os conceitos de refrigeração do pescado”, explica.
Sobre a 18ª Semana do Pescado
Em sua 18ª edição, a Semana do Pescado vai acontecer de 1º e 15 de setembro de 2021. Com ações promocionais e eventos gastronômicos, a campanha é organizada pelo próprio setor produtivo, depois de ter sido criada pelo extinto Ministério da Pesca. Considerada a “segunda quaresma”, a campanha busca estimular o consumo de pescado no cardápio do brasileiro durante o ano todo.
Com o suporte de entidades e empresas parceiras, os organizadores da Semana do Pescado pretendem descentralizar as ações dos grandes centros de produção e consumo de pescado para atingir todas as cidades brasileiras. Os resultados de edições anteriores mostram um aumento entre 30% e 50% nas vendas no varejo no período da campanha.
A edição de 2021 tem entre os patrocinadores a Alaska SeafoodInstitute, Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (ABIPESCA), Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (ABRAPES), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (CONEPE), Conselho Norueguês de Pesca, Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (SAPERJ), Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca no Estado do Ceará (SINDFRIO), Sindicato das Indústrias de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (SINDIPESCA), Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (SINDIPI) e Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo (SIPESP). Também tem o apoio do Ministério da Agricultura, com destaque para a Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP/MAPA), do SEBRAE, da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL).
Mais informações: wwww.semanadopescado.com.br | @semanadopescado