‘Depois de ser xingado, perdeu a cabeça’, diz advogado de adolescente que agrediu professora em SC
O advogado Diego Valgas, da defesa do adolescente de 15 anos que agrediu uma professora de 51 anos em Indaial, no Vale do Itajaí, na segunda-feira (21), afirmou que o cliente lhe contou que ela o xingou várias vezes nos momentos anteriores à agressão. “Ele tem demonstrado bastante arrependimento. Perdeu a cabeça, nada justifica a atitude que ele tomou”, afirmou o advogado.
Nesta quinta-feira (24), a Polícia Civil concluiu o inquérito do caso e o adolescente deve responder por ato infracional por lesão corporal. Na segunda, a professora registrou boletim de ocorrência (B.O.), afirmando que foi agredida pelo aluno pela manhã. Segundo ela, o caso ocorreu na sala da direção de uma escola de Indaial depois que ela chamou a atenção do estudante.
“O procedimento foi por ato infracional, não houve por parte do delegado pedido de internação provisória. Cogita-se apenas pela Promotoria de Justiça, que pode pedir ao judiciário. Mas não se tem certeza ainda”, afirmou o advogado sobre a conclusão do inquérito.
Caso
Sobre o que ocorreu na manhã de segunda, o advogado afirmou que “nós entendemos que houve uma sucessão de falhas no procedimento de abordagem”. “Meu cliente foi o terceiro aluno que ela expulsou da sala de aula. No caso do meu cliente, tudo começou quando ela pediu que ele botasse o livro em cima da mesa. O livro estava em cima da coxa. A mesa já estava ocupada com outros materiais, não tinha espaço, mas ela não aceitou aquilo”, relatou Diego Valgas.
Em seguida, conforme o advogado, a professora levou o aluno para uma sala reservada, onde havia outra professora que trabalha na direção. “Naquele momento, a professora estava com dedo em riste, falou no pé do ouvido dele ‘seu filho da p…’. Ele levantou e empurrou com uma mão no peito e outra no olho”, disse. “Depois de muito xingá-lo, ele perdeu a cabeça”, afirmou.
Histórico
O advogado afirmou que o adolescente sofreu agressões desde que era um bebê. “Todo o período em que ele viveu com o pai era obrigado a defender a mãe. O pai chegava embriagado, batia muito na mãe, ele tinha que defender. Em um determinado dia, ele foi interferir e o pai ficou com muita raiva. Bateu muito nele e ele ficou por dois dias em coma. Nessa época, eles moravam no Mato Grosso. A mãe dele saiu fugida, veio morar em Indaial, onde buscou abrigo em casas de amigos e familiares. Logo na sequência, trouxe o filho. Houve novo casamento e agora o padrasto é referência paterna para ele”, relatou.
Em relação a uma agressão contra a mãe por parte do adolescente relatada pela Promotoria de Justiça de Indaial, o advogado disse que “foi uma discussão familiar do passado e imediatamente resolvida em casa, como qualquer outra família”. Sobre a ameaça contra um conselheiro tutelar, também relatada pela Promotoria, Diego Valgas afirmou que foi uma discussão verbal, sem agressão física, no ano passado.
Ameaças e terapia
Após a manhã de segunda, o adolescente e a família não têm se sentido seguros, segundo Diego Valgas. “Ele vem sofrendo ameaças anônimas de perfis que acredito serem falsos, ameaças de morte, de colocarem fogo na casa dele”, disse o advogado.
“A gente está aguardando a apresentação dele no Ministério Público. Na sequência, vamos fazer boletim de ocorrência pelas ameaças. A família está passando esses dias na casa de amigos para evitar qualquer presença de alguém que faça algum mal para eles”, afirmou Diego Valgas.
Ele também disse que o município tem oferecido ajuda e que o adolescente e a família começaram nesta quinta a frequentar terapia. Eles também são acompanhados por um assistente social.
Em relação às aulas, o advogado afirmou que “houve recomendação [para que ele não frequentasse] da direção por medo que ele viesse sofrer represálias. Foi uma conversa informal”. “Terça [22], ele não foi mais, principalmente por medo”, disse.
Fonte: G1 SC