Veja como foi o primeiro Arrancadão de Canoas Artesanais, na Praia das Laranjeiras
O começo de uma história muito bonita aconteceu neste mês. A praia de Laranjeiras foi o palco do primeiro Arrancadão de Canoas Artesanais. O evento reuniu cerca de 110 pescadores artesanais e mais de 300 pessoas vieram prestigiar as provas e as festividades.
Além da prova principal, o próprio arrancadão, aconteceram outras disputas: tarrafada por equipe, cabo de guerra, versos por equipe, além do pescador mais velho e do pescador mirim. Também houve outras formas de entretimento, como apresentações musicais e de Stand Up Comedy, com Moriel Adriano Costa, o vocalista do Dazaranha, fazendo o quadro “As Aventuras de Darci”.
Os melhores de cada competição receberam prêmios e troféus. A gincana foi realizada na Praia das Laranjeiras e as premiações ocorreram no Hostel Barra Bar, no dia 6, domingo. O fundador e proprietário do hostel e um dos idealizadores do evento, Joabe Linhares, explica de onde surgiu a ideia. “O intuito é fortalecer a pesca da tainha, fazer com que essa tradição continue geração após geração. Queremos valorizar a cultura da pesca artesanal e criar um evento para a integração da comunidade e confraternização dos pescadores”.
Outros dois homens tiveram um papel importante na idealização do Arrancadão de Canoas Artesanais: Ronan Pinheiro e Laércio Demétrio. Joabe Linhares fala mais sobre este evento. “Ele acontecerá todo o ano. Sempre após o término temporada de Pesca da Tainha. A ideia é fazer em 2018 um dia para a gincana e outro para a festa. A questão agora é se o evento será incluso no Calendário Oficial de Balneário Camboriú”. A temporada de Pesca da Tainha aconteceu entre os dias 1º de maio e 30 de julho.
Competição
Seis equipes participaram das disputas: Taquaras, Taquarinhas, Pinho, Estaleiro, Estaleirinho e Laranjeiras. No arrancadão, cada uma teve direito a quatro integrantes: dois remadores, um chumbeiro e patrão, que comanda a poupa da embarcação. Na disputa, duas canoas por vez tiveram que se movimentar como se estivessem cercando a tainha. Quem primeiro completasse o percurso seria declarado o vencedor.
Desta forma, equipe da Praia do Pinho acabou se tornando campeã a bordo da canoa “Gatinha Pelada”. Carlos Horácio foi um dos integrantes da equipe campeã, e comemorou bem mais do que a vitória, mas sim a realização do evento. “Foi uma festa bonita que valorizou a nossa cultura da pesca, fez as canoas se unirem, bem legal mesmo”.
A vice-campeã foi a Praia de Estaleirinho, com a canoa “Rievi”. Completando o pódio apareceu a Praia de Laranjeiras. A canoa eleita a mais bonita foi a “Campina”, da Praia do Estaleiro. Seu Manoel Nascimento Pedro é quem utiliza a canoa no dia a dia para pescar e ficou extremamente orgulhoso com a eleição. Ainda assim, o pescador preferiu exaltar a grandeza do evento do que a sua vitória. “Pra mim foi uma iniciativa pras pessoas olharem para nós, pescadores artesanais, com um outro olhar, para que a gente passe essa tradição aos nossos filhos, netos e a pesca não venha a se acabar”.
Outro que adorou a iniciativa foi o pescador de Taquaras, que trabalha a bordo da canoa “Silva”, Paulo Rocha. “Eu pesco desde a idade de 18 anos, meu pai pescou na canoa e agora é vigia, e eu também sou olheiro. Então pra mim essa festa que valoriza a pesca é uma coisa muito maravilhosa. Foi um bom evento que fizeram pro nosso lugar”.
Joabe Linhares
Fundador e proprietário do Hostel Barra Bar e um dos idealizadores do Arrancadão de Canoas Artesanais, Joabe Linhares é um verdadeiro apaixonado pela cultura da praia. Além de ganhar a vida com seu hostel, também aluga stand up paddles.
Joabe ainda é surfista e vive no mar pegando muitas ondas. O idealizador do Arrancadão de Canoas Artesanais já pescou, e apesar de não ter na pesca seu meio de vida, está sempre em meio aos pescadores artesanais “junto e misturado” (como ele mesmo diz) e respeita muito esta tradição.
Tal contato e respeito à cultura da pesca artesanal da tainha levou Joabe, junto de seu parceiro, Ronan Pinheiro, idealizar a Associação de Pesca Artesanal, que ainda não tem data para ser oficialmente criada. “Estamos correndo atrás, logo deve estar tudo pronto. Vamos criá-la para proteger o pescador artesanal de tainha, que tem sua atividade regulada por lei, e cumpre estas leis ao praticar seu trabalho. Infelizmente, eles são prejudicados por pescadores que cercam o mar com redes ilegais, dificultando assim esta pesca feita de maneira legal”, explica Joabe.