A comissão da Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) recebeu uma comitiva multiprofissional da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil) em debate realizado nesta quarta-feira (6) no plenarinho do Legislativo catarinense. Na oportunidade, os representantes da ACBG Brasil tiveram a oportunidade de expor o atual cenário de enfrentamento ao câncer de cabeça e pescoço em Santa Catarina e ganharam apoio dos parlamentares à causa.
O debate foi liderado pelo presidente da Comissão de Saúde, deputado estadual Neodi Saretta (PT), com as participações presenciais da deputada Ada de Luca (MDB) e dos deputados Valdir Cobalchini (MDB) e Nilson Berlanda (PL), e virtual, do deputado Vicente Caropreso (PSDB). O encontro foi promovido a partir da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Cabeça e Pescoço em alusão ao Julho Verde, o mês de prevenção à doença, numa iniciativa da ACBG Brasil.
A assessora jurídica da ACBG Brasil, Ana Paula Guedes Werlang, fez a apresentação da ACBG Brasil, entidade sediada em Florianópolis e que tem a missão de “dar voz a quem não tem”. Guedes ainda destacou que o Câncer de Cabeça e Pescoço ocupa a terceira posição no ranking de casos oncológicos, de acordo com dados no Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Com atuação no Planalto Norte catarinense, o cirurgião de Cabeça e Pescoço Aloysio Enck participou da audiência de forma virtual e destacou um dos pilares do combate ao câncer de cabeça e pescoço, a necessidade do diagnóstico precoce. “Quando mais precoce o diagnóstico, menos morbidade e mais fácil é o tratamento do paciente”, pontuou. O médico especialista também ressaltou o trabalho realizado em Santa Catarina, mas salientou a necessidade de evoluir para garantir um atendimento efetivo aos pacientes. “Santa Catarina é o estado pioneiro na reabilitação fonatória, mas tem muita coisa a melhorar”, explicou.
Segundo Enck, é necessário conscientizar a população sobre os cuidados e os fatores de risco da doença e educar o profissional de saúde de atenção básica para fazer o encaminhamento mais brevê do paciente, além de avançar na vacinação contra o HPV (papilomavírus) e aprimorar o tempo do paciente à reabilitação. “O Estado já está muito na frente, mas temos muito a melhorar ainda. Não podemos ficar inertes”, completou.
Na sequência, a comissão assistiu ao depoimento em vídeo de um paciente que removeu as cordas vocais devido a um câncer na garganta e atualmente utiliza uma prótese fonatória para voltar a se comunicar. “Hoje, eu agradeço muito a atenção dos profissionais de saúde na reabilitação. A minha vida mudou muito e mudou para melhorar graças aos médicos que me convenceram a operar. Já estou dando até discurso. Tem muita gente que pensa que eu não falava mais ou que não iriam entender. Só não consigo cantar, o resto eu faço tudo”, disse.
A fonoaudióloga Giovana Menegotto contou a sua experiência pessoal, de descoberta de um nódulo que a obrigou a remover a tireóide. Mesma alertada por um médico amigo e com histórico familiar, Giovana levou cerca de 10 anos para fazer uma ultrassonografia que encontrou um micro carcinoma. “Ficou a cicatriz, mas esse é um momento que me deixa muito feliz porque de alguma forma alguém que está escutando vai pensar, que sorte. Mas a lição é: não conte com a sorte, conte com a prevenção”, ensina.
A cirurgiã-dentista e especialista em prótese bucomaxilofacial Cleumara Kosmann explicou sua atuação junto aos pacientes de câncer de cabeça e pescoço. “Reabilito pacientes com grandes perdas de cabeça, a maioria por câncer. As mutilações, a gente trata como sequela. Funcionalmente é bastante complicado e psicologicamente também”, resumiu.
Kosmann também relatou a necessidade de instalação de um centro de reabilitação em Santa Catarina com atuação multiprofissional. “O tratamento só é completo se o paciente for reabilitado. Costumo dizer ao paciente que (a doença) vai passar, mas é um casamento (com o profissional de saúde), pois a prótese vai precisar de manutenção”, salientou.
A fonoaudióloga Lauanda Barbosa dos Santos relatou o papel do profissional de fonoaudiologia no tratamento dos pacientes de Câncer de Cabeça e Pescoço. “O fonoaudiólogo vai promover a reabilitação de voz e de deglutição porque as estruturas foram afetadas pelo câncer. Desde o primeiro momento já podemos atuar na orientação pré-cirúrgica, porque o diagnóstico é difícil e pode assustar o paciente. Depois vem a avaliação da cirurgia e o acompanhamento pós-cirurgia”, explicou.
Por fim, a comitiva da ABCG Brasil solicitou o andamento do projeto de lei complementar que institui o Fundo Estadual de Combate ao Câncer. Protocolado em 2021, o projeto estacionou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Alesc, que verifica a constitucionalidade da iniciativa. “Gostaríamos de um olhar sensível dos deputados da CCJ. É constitucional ou não? Se existe alguma deficiência, a entidade quer ouvir pra construir um caminho, uma alternativa”, sugeriu Ana Paula Guedes.
O deputado Neodi Saretta (PT) se comprometeu a oficiar a CCJ em busca de informações sobre o projeto do Fundo de Combate ao Câncer, mas o deputado Valdir Cobalchini (MDB), integrante da mesma CCJ, se prontificou a verificar pessoalmente o que houve com o projeto “para que possa tramitar de forma célere porque a causa é muito nobre”.
SAIBA MAIS
A ACBG Brasil é uma organização da sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, habilitada como OSCIP que trabalha em prol dos portadores de câncer de cabeça e pescoço, e seus familiares em todo o Brasil. Acesse o site da ACBG Brasil e conheça nossas formas de atuação.
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