Bolsonaro se iguala a Maduro com publicações irresponsáveis sobre o coronavírus.

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Bolsonaro se iguala a Maduro com publicações irresponsáveis sobre o coronavírus.

BLOQUEADO NO TWITTER

Publicações irresponsáveis de Jair Bolsonaro levaram o Twitter a apagar duas de suas postagens na noite de domingo (29). A rede social enquadrou o presidente brasileiro em uma nova regra de conteúdo impróprio: o que coloca a saúde da população em risco. Antes de Bolsonaro, só o venezuelano Nicolás Maduro teve tweets apagados pelo mesmo motivo.

Os posts do presidente brasileiro o mostravam desafiando a pandemia de coronavírus e passeando por Brasília. Bolsonaro contrariou as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e colocou em risco a si e aos outros. Especula-se que estivesse preparando o cenário para demitir o ministro Luiz Henrique Mandetta, de quem teria dito estar “de saco cheio”. Exercita a política rasa em meio ao caos.

Enquanto o mundo todo enfrenta a doença que se alastra de forma silenciosa, levando milhares de pessoas aos hospitais e minando a economia, Bolsonaro segue em busca de um bode expiatório. Duvida dos números oficiais e faz pouco caso do poder de contaminação de uma doença que já afetou mais de 4 mil brasileiros e matou 141, em duas semanas.

É o “estilo” do presidente. Fez o mesmo jogo em relação aos incêndios ocorridos na floresta amazônica, e para tentar desacreditar os índices de desmatamento no Brasil. Ocorre que as pandemias carregam um fator muito humano, instável e incontrolável: o medo. Bolsonaro testa os limites entre o instinto mais primitivo do ser humano, e a fidelidade de seu eleitorado ao ser “jeitão” de governar.

É simbólico que a rede social – um meio que os bolsonaristas dominam muito bem, a arena escolhida pela extrema direita para a relação direta com o eleitorado – aja, neste momento, para dar um basta à irresponsabilidade de Bolsonaro em relação ao coronavírus. Num espaço que já divulgou episódios como o do golden shower, e inúmeros ataques caluniosos a jornalistas, o presidente brasileiro conseguiu chegar ao limite.

A Venezuela, veja só, permeia o discurso bolsonarista no papel do inimigo, daquilo que o Brasil não pode se tornar. Quem sabe, ao igualar Bolsonaro a Maduro, o Twitter seja capaz de alertar muitos dos fiéis seguidores do presidente sobre o óbvio: é preciso deixar de lado a irresponsabilidade do presidente, e levar a sério a pandemia.

Dagmara Spautz