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Dengue: o que fazer em caso de sintomas suspeitos?

Febre, geralmente, alta e início abrupto, desconfortos musculares, dores de cabeça, sensação de fraqueza, redução do apetite, náuseas, manchas vermelhas pelo corpo que podem ser acompanhadas de coceira e, em alguns casos, diarreia são os principais sinais da dengue. Se o paciente notar que está com sintomas suspeitos deve procurar imediatamente atendimento médico para realizar testagem, receber orientações adequadas e acompanhamento desde o início, enfatiza a infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (SCIRAS) da Unimed Chapecó, Dra. Carine Kolling.

O diagnóstico é feito pelo quadro clínico característico, associado a achados laboratoriais (como alterações no hemograma – baixas nos leucócitos e nas plaquetas) e teste específico para dengue (que depende do tempo de sintomatologia do paciente). A médica explica que não existe medicação específica para o vírus da dengue, por isso o principal tratamento é baseado em uso de sintomáticos para dor e febre (Paracetamol e Dipirona), hidratação abundante e repouso. “Na avaliação de cada paciente o médico definirá qual a periodicidade de acompanhamento que será necessária e se precisará realizar outros exames. Uma recomendação importante é que os pacientes que estejam com dengue façam uso de repelente com frequência para evitar a transmissão da doença para outras pessoas através do mosquito Aedes aegypti”, explica.

Dra. Carine reforça que o paciente deve ser orientado por um profissional da saúde, pois o volume de líquidos indicados na dengue é bem maior do que o habitualmente ingerido – aproximadamente 5 litros/dia entre líquidos normais como água, sucos e isotônicos (bebidas que contêm sais necessários para a hidratação do corpo, a exemplo do sal de reidratação oral, soro caseiro, água de coco, dentre outros). Segundo a infectologista, em suspeita ou confirmação de dengue não se deve fazer uso de antiinflamatórios (como Ibuprofeno, Nimesulida e Cetoprofeno) e ácido acetilsalicílico (AAS), pois essas medicações podem aumentar o risco de sangramento na dengue. “Caso o paciente já faça uso de AAS ou outra medicação para ‘afinar o sangue’ – anticoagulantes como Varfarina, Marevan, Xarelto – deve conversar com seu médico antes de suspendê-la por conta própria devido ao risco de descompensação de outras patologias, a exemplo de histórico de infarto ou AVC”, alerta.

A infectologista explica que o vírus da dengue causa uma inflamação sistêmica no organismo, que resulta no chamado “extravasamento plasmático”, ou seja, a perda de líquido de dentro dos vasos sanguíneos para fora do vaso. Isso resulta em desidratação e queda da pressão arterial, que se prolongada pode causar mau funcionamento dos órgãos e desencadear uma cadeia inflamatória – síndrome do choque e em alguns casos hemorragias. Dra. Carine complementa que as hemorragias também podem ocorrer em decorrência de queda significativa nas contagens de plaquetas devido à inflamação causada pelo vírus. “É necessário também estar atento ao surgimento dos sinais de alarme na dengue, que são: dor abdominal forte e persistente, tontura, pressão baixa, vômitos recorrentes que impeçam a ingestão de líquidos pela via oral e sangramentos. Caso o paciente apresente algum destes sintomas deverá retornar para reavaliação médica com urgência”, alerta a médica.

EPIDEMIA NA PANDEMIA

Com a elevada incidência da dengue durante a pandemia de covid-19 surgiram dúvidas sobre semelhanças e diferenças entre as duas doenças. A infectologista explica que a principal diferença entre as duas patologias é que na covid-19 o paciente, geralmente, apresenta algum sintoma respiratório (coriza, congestão nasal, dor de garganta ou tosse), enquanto que na dengue é frequente o surgimento de manchas no corpo. “Os sintomas que podem ser comuns são dor de cabeça e a fraqueza. A febre também costuma ser mais alta nos casos de dengue. Contudo, o tratamento destas doenças difere bastante e, por isso, é importante evitar a automedicação”, reforça Dra. Carine.

Para finalizar a médica ressalta que toda a população deve realizar um esforço para controlar os focos do mosquito, ao conservar terrenos limpos, eliminar possíveis locais de água parada, manter caixas d’água bem fechadas e colaborar com os agentes da Vigilância Ambiental permitindo acesso às residências e empresas para avaliação de possíveis focos. “A doença é transmitida de um paciente com dengue para outro, mas sempre através da picada do mosquito, então, para diminuir o risco de transmissão, o paciente com suspeita ou confirmação deve fazer uso de repelente em áreas não cobertas pelas roupas com frequência – para a grande maioria dos repelentes a cada 4 horas – até o sexto dia do início dos sintomas. Como prevenção, pessoas não suspeitas também devem fazer uso frequente de repelentes, considerando que vivemos um período de epidemia de dengue”, ressalta.

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