Eleitos pela influência do capital político do ex-governador Eduardo Campos, o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), veem a sombra do padrinho político surgir, dessa vez, com o nome envolvido em investigação que apura se houve lavagem de dinheiro para financiar as campanhas eleitorais do PSB em 2010 e 2014. Reconhecidos como quadros técnicos e no início de suas carreiras políticas, eles terão o desafio de defender o legado do antigo líder diante das acusações, enquanto tentam consolidar seus projetos.
Além do envolvimento do seu partido, os nomes de Paulo Câmara e Geraldo Julio também foram associados às investigações da Operação Fair Play, que apura irregularidades no contrato da Arena Pernambuco. Á época, o prefeito era presidente e o governador, vice-presidente do Comitê Gestor de Parcerias Público-Privadas (CGPE), responsável por acompanhar todos os processos envolvendo a licitação do estádio. O envolvimento já foi explorado pela oposição e a ofensiva deverá ser intensificada na campanha.
A avaliação de adversários do prefeito Geraldo Julio é que as investigações envolvendo o partido, a Operação Turbulência, em especial, deverão afetar o desempenho do gestor no pleito. O pré-candidato à Prefeitura do Recife, Daniel Coelho (PSDB), afirma que o envolvimento de campanhas do PSB com escândalos de corrupção poderá afetar a reeleição do chefe do Executivo.
“É uma coisa muito recente e os fatos ainda estão sendo esclarecidos. Temos que ter cautela para não fazer pré-julgamento. Agora, isso pode influenciar porque o que está sendo investigado é o gasto na campanha do PSB, que é o partido do prefeito. O que está em jogo é o financiamento de campanhas do PSB. Vamos aguardar”, afirmou o tucano, que garante que focará sua campanha em propostas e não na desconstrução de adversários.
Já o também pré-candidato Silvio Costa Filho (PTB) acredita que as investigações deixam o cenário do pleito ainda mais imprevisível. “Sem dúvidas isso afetará. Será uma eleição atípica, o quadro do Recife está muito aberto e esses acontecimentos, colocam o PSB em momento de turbulência”, ironizou.
A ameaça do tema influenciar as campanhas do PSB é vista com cautela pelos socialistas. A leitura é que os escandâlos de corrupção atingem também os opositores e o ataque dos adversários poderá se voltar contra eles. A pior consequência vista é o timing da deflagração das investigações, que ocorreram dois meses antes das eleições. “É preciso analisar com cautela porque todos os partidos estão envolvidos e podem sofrer as consequências. O que é certo é que vamos defender Eduardo Campos de qualquer ataque”, adiantou um socialista em reserva.
O cientista político Elton Gomes acredita que a oposição tentará explorar as recentes investigações para tentar desestabilizar o PSB, mas alerta que é preciso ter cautela ao explorar o tema. “É a oposição que deverá tentar estabelecer esse vínculo de pessoas próximas a Eduardo Campos para produzir desgaste aos candidatos da Frente Popular. Só que políticos não costumam explorar este tema, ainda mais nesses momentos, porque eles temem que as investigações cheguem a eles. O eleitorado também não percebe bem campanhas de puro ataque ainda mais em disputas municipais, onde o debate é voltado para a cidade”, ponderou.
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