Especialista em Gestão Empresarial orienta empresas a pensarem a médio prazo para evitar falência. Empresários devem também priorizar contato com clientes e motivar público interno, além de estudar possíveis linhas de créditos
“O primeiro passo é repensar a empresa como um todo, desde a questão financeira até o atendimento aos clientes, para que ela não vá a falência. Preciso atender no escritório que alugo no momento? Meu caixa suporta a crise por quanto tempo? Tenho disponibilidade de crédito no mercado? Esses são questionamentos que os empreendedores devem fazer, pensando em daqui a seis meses, período previsto para que a situação econômica estabilize e volte ao fluxo normal. Vai ser um retorno gradativo e lento, mas com um olhar estruturado os empresários irão conseguir adotar medidas assertivas”, pontua o especialista.
Recuperação será desigual para os setores
Um estudo da Bain & Company, divulgado no início de abril, aponta que empresas de diferentes setores terão recuperação desigual após a crise. A pandemia do novo Coronavírus fez com que as prioridades das pessoas mudasse para aquisição de bens e produtos. Empresas de ensino a distância, entretenimento online, nutrição e saúde, planos de saúde e seguros de vida estão com alta demanda e devem se manter em alta a longo prazo. Em contrapartida, academias de ginástica, cinemas, teatros, hotéis, restaurantes e agências de viagem ou turismo estão em queda no cenário atual e tendem a ter uma recuperação lenta. Para o especialista, alguns dos negócios em baixa terão que reconquistar posição no mercado e demonstrar que oferecem serviços mais seguros após esse período.
Os empresários nacionais também devem focar nos consumidores. Este é o momento para entrar em contato com os clientes e mostrar-se preocupado com a situação deles. Assim, quando houver a retomada da economia, as empresas que pensaram no lado humano terão de volta a fiel clientela. “Algumas grandes marcas, com olhar só na economia, estão sendo esquecidas pelo mercado e pelos clientes neste momento de crise. Quando falamos de venda, estamos abordando comportamento de consumo, que vai ser alterado de forma significativa a partir de agora. Os empreendedores devem dar suporte ao consumidor agora nas suas necessidades humanas. Lá na frente, a presença e o atendimento da necessidade de consumo serão outros diferenciais”, explica Martins.
Alternativas para captar ou reter dinheiro
Empresários que realizarem o planejamento estratégico e acreditarem que não terão caixa para enfrentar o próximo semestre podem optar por empréstimos ou linhas de créditos. Muitos bancos e cooperativas oferecem auxílio neste período de crise, mas a atenção deve ser redobrada. “O momento requer uma análise criteriosa. O empreendedor deve analisar qual o histórico do banco, verificar as linhas possíveis e os benefícios para, assim, escolher a melhor entre elas. Se possível, contar com um especialista para encontrar as melhores opções de crédito com os menores juros possíveis”, pontua.
Os governos também auxiliam os empresários neste período com a suspensão ou prorrogação de impostos, adiamentos de obrigações fiscais, entre outros benefícios fiscais. A plataforma “Vamos Vencer” (www.gov.br/vamosvencer) elenca todas os auxílios viabilizados durante a crise para as pessoas jurídicas. As medidas são divididas entre indústria de médio e grande porte, indústria de pequeno porte, comércio de médio e grande porte, comércio de pequeno porte, serviços de médio e grande porte, e serviços de pequeno porte. Entre as possibilidades para captar ou segurar o dinheiro da empresa, estão as linhas de crédito, seguro e garantia; prorrogação de prazos; flexibilização trabalhista; fluxo de caixa; e manutenção da oferta de bens e serviços.
Motivação dos funcionários
Ainda segundo o especialista Diego Martins, é importante que os gestores das empresas sejam agentes de motivação e fontes de informações de qualidade ao público interno no momento atual, que é estressante para muitos. Para isso, a transparência deve ser palavra de ordem, assim como diálogo franco – inclusive sobre a situação financeira da empresa. “Não adianta estimular grito de guerra ou preparar café da manhã especial. As pessoas não estão com ânimo para isso. Muitas pessoas estão perdendo o controle emocional, com medo do amanhã. Um aporte psicológico especializado é uma alternativa para que os servidores enfrentem isso de forma tranquila. As empresas devem ser coerentes com suas missões e valores”, finaliza Martins.