Notícias Balneário Camboriú Esportes Entretenimento Eventos Política Empregos Camboriú Itajaí Itapema Navegantes Santa Catarina Brasil e Mundo
zEntretenimentos Brasil / Mundo

Entrevista | Ana Popovic: Um disco triplo de uma guitarrista destemida

Nascida na Sérvia e residente de Memphis, a guitarrista, cantora e compositora Ana Popovic acaba de lançar um grande marco em sua carreira. “Trilogy” é seu mais novo e ambicioso trabalho e, como o nome sugere, é um álbum triplo.

Os discos “Morning”, “Mid-Day” e “Midnight” trazem 23 canções divididas para cada período do dia com estilo diferentes: blues, funk e jazz. Tudo da melhor qualidade. O Território da Musica conversou com Ana Popovic sobre esse disco e a musicista ainda deu uma entrevista para nossa outra publicação, a Total Guitar Brasil, falando da gravação, do lado mais técnico do disco. Esse papo estará nas bandas em breve.

Aqui, a Ana falou sobre a primeira vez que esteve no Brasil, sobre a ideia de fazer um disco triplo, contou como foi ter Bonamassa e o rapper Al Kapone no disco. Ana ainda refletiu sobre ser uma mulher guitarrista: “eu espero que tenha aberto caminho para algumas garotas e espero que elas também sejam destemidas”.

Como foi ter tocado pela primeira vez no Brasil, no festival Best Of Blues, em 2014?

Ana Popovic: Eu estava doente, mas não queria cancelar um festival tão importante. Atravessei o oceano e estava com pneumonia, então foi um show muito difícil para mim, mas eu amo o Brasil. Passei um mês no Rio de Janeiro e em Salvador, alguns anos atrás e aproveitei esse país lindo com pessoas lindas. Sou apaixonada pelo Brasil. De resto, foi fantástico! O festival contou com ótimos artistas e bandas. Pena que foi uma visita rápida para mim, pois tive que voltar logo.

O seu novo trabalho de estúdio, “Trilogy”, acabou de sair. Como rolou a ideia de fazer um álbum triplo?

Ana Popovic: Já tem anos que venho gravando discos e cada um deles tem uma mistura de estilos, então alguns deles podem ser muito blues de raiz, alguns de funk ou rock. Em todos os álbuns eu queria me aprofundar no blues, mas não em todas as músicas. Não quero uma quantidade de músicas de blues, mas qualidade. Cada álbum mostra um aprofundamento no blues, mas obviamente o resto das canções é pop, rock, funk, o que seja. Então, alguns anos atrás, alguns amigos me diziam que adoravam a diversidade nos meus discos e que faziam compilações: colocavam todas as minhas músicas de blues em um CD, as mais jazz em outro e as funk em um terceiro CD. Achei uma ideia interessante e pensei “por que eu não faço algo do tipo?”. Sempre pensei “por que não crio um álbum só de blues, um só de funk ou até mesmo um só de jazz?”, que era um sonho meu. E foi daí que a ideia do “Trilogy” surgiu e eu finalmente decidi fazer o disco porque não sei o que vai acontecer na indústria musical nos próximos anos. Então pensei “se eu for fazer estes três CDs, é melhor que os faça agora”.

A canção “Train”, com Bonamassa, é ótima. Conte um pouco sobre essa colaboração.

Ana Popovic: “Train”, eu gravei sozinha e amei o groove; compus essa música que é divertida sobre uma noitada. Seu groove é incrível com o George Porter Jr. no baixo e Ivan Neville nos teclados, além de um baterista sensacional, com tudo incrível e gravado em New Orleans. Depois eu voltei para casa e estava ouvindo a faixa e pensei que fiz um bom solo, mas sabia quem iria detonar. Então eu mandei uma mensagem para o Joe [Bonamassa] e recebi a resposta em um minuto com ele topando gravar. Dois dias depois já tínhamos seu solo incrível – realmente achei maravilhoso o que ele fez em dois tempos de solo, inacreditável.

A música “Let’s Do It Again” conta com rapper Al Kapone e tem uma vibe R&B. Hoje, temos os jovens cantores Elle King e Leon Bridges que estão trazendo um som com um toque de blues para as rádios e MTV, entre a dominação pop. O que você acha disso? Você sente que os ouvintes jovens estão abertos a ouvir algo mais orgânico e diferente?

Ana Popovic: Com certeza! Acho que muitos deles ficarão felizes [com a faixa]. Tem uma safra muito estranha na música agora, que toda essa garotada tem que ouvir, pois é o que todos estão ouvindo, mas tenho certeza que alguns deles ficarão aliviados quando finalmente algo com groove aparecer, algo bom e legal – ainda pode ser legal, não precisa ser tudo eletrônico sem qualquer sentimento. Na verdade, acho que tem muitos jovens que procuram algo assim. E eu, claramente, abracei isso, pois os artistas que você citou estão estourados no momento fazendo blues moderno, que é ótimo.

O Al Kapone é um rapper das antigas e muito famoso de Memphis e eu, obviamente, nunca tinha tido um rapper em um disco meu. Eu ouvi esta música antiga das Staple Singers e eu adoro umas coisas que o Cody Dickinson fez com o Mississipi All Stars, com loops e uns lances meio R&B nas músicas antigas. Aí eu liguei para o Cody e disse que queria isso. E ele me disse que tinha um rapper e trouxe o Al, que eu nunca havia conhecido antes e ele foi incrível. Ele escreveu essas letras, que devo dizer, são bem ousadas, ele simplesmente as jogou no rap – ele chegou, ouviu a música, saiu de carro com um papel e uma caneta e voltou 25 minutos depois e acertou em cheio.

Adoro a faixa “Wasted”, sobre uma mulher que enche a cara e faz o que bem entende. É apenas um dos exemplos do quão destemida e verdadeira você é como artista. Alguém já tentou censurar alguma criação sua, principalmente por ser mulher?

Ana Popovic: Ah muitas vezes no passado, quando eu estava começando, mas sempre perceberam que não iria funcionar. Lógico que sim. Muitos produtores me disseram para eu não gravar tal coisa, para não gravar instrumental, ou não gravar a música do Steely Dan porque eu só faço blues. Eu dizia, “azar o teu, pois eu vou fazer isso, você gostando ou não”. Desde o primeiro disco, embora eu não pudesse fazer um álbum completamente blues – mas que eu devo fazer no futuro -, eu já fui direto ao ponto desde o início para que todos soubessem que não tenho que aceitar as regras de ninguém. Já dizia que faria algo diferente e que seria diferente toda vez. Então os fiz se acostumarem com isso, ninguém espera que eu siga regras, na verdade, é ao contrário. Eu tento sempre me surpreender primeiro com uma ideia, me empolgar com ela – eu não reciclo, eu não faço a mesma coisa que já fiz antes e, mesmo se um disco tenha vendido muito eu não vou fazer uma cópia dele. Absolutamente, não! Vou tentar algo completamente diferente e é assim que faço desde sempre. Especialmente por ser mulher, não foi fácil, mas acho que está ficando melhor – eu espero que tenha aberto caminho para algumas garotas e espero que elas também sejam destemidas, façam suas exigências e digam “é assim que vai ser”. No fim das contas, se você tem plateia é tudo o que importa. Se os fãs estão comprando seus discos, então você está certa.

Artista

Posts Relacionados

Fernanda Lacerda vai até o chão em novo vídeo clipe de MC Fabinho

Em julho o projeto Cia Mútua 25 anos oferece duas oficinas

Kiev Ballet apresenta “Dom Quixote” e “Paquita” em Curitiba

Bota do Mundo 2018

VEM AÍ A QUARTA EDIÇÃO DO BEATNESS

Na’amat Pioneiras de Porto Alegre realiza bazar anual beneficente

Paulo Miklos faz pocket show gratuito em Curitiba

Rafa Brites realiza workshop em prol da ONG Projeto Camaleão: Autoestima Contra o Câncer na capital gaúcha

Atriz internacional de cinema Cris Lopes visita São Miguel Arcanjo no Brasil

Inverno exige cuidados extras com as doenças respiratórias nos pets