Um ex-alto executivo do escritório da instituição de serviços financeiros ‘JP Morgan’, em Manhattan, Nova York, afirmou a empresa o proibiu de participar de um estudo com seus colegas de trabalho no horário de almoço almoço, citando o caso como exemplo de que a liberdade religiosa nos locais de trabalho dos Estados Unidos está sendo limitada.
De acordo com o site ‘Yahoo Finance’, o executivo, que pediu para não ser identificado, disse que recebeu um e-mail em 2014, enviado pelo departamento de Recursos Humanos da empresa, dizendo que “o grupo não tinha permissão para organizar reuniões religiosas no local”. Ele acredita que “há definitivamente uma perseguição ao grupo cristão [no local de trabalho]”.
“É como te pedirem para tirar o seu chapéu ou boné quando você entra em um restaurante”, desabafou.
“A ‘JP Morgan’ foi politicamente correta e havia certas coisas que eles estavam dispostos a aceitar. Mas o estudo bíblico não foi uma delas”, lamentou.
A ‘JP Morgan’ fornece recursos para atividades não-religiosas, e dispõe de nove grupos de afinidade, incluindo o ‘Adelante’ para os funcionários asiáticos, hispânicos, latinos; o ‘Pacific Islanders Reaching for Excellence’ para os asiáticos e até mesmo um grupo LGBT. No entanto, os grupos religiosos acabam não tendo espaço para funcionar.
Uma porta-voz da empresa disse ao ‘Yahoo Finance’ que ela não tem conhecimento de que o grupo de estudo bíblico tenha sido proibido de se reunir no horário de almoço. Ela, no entanto, salientou que qualquer reunião de grupo não deve interferir na agenda de trabalho.
A representante disse que é possível que o grupo foi dissolvido porque “usou recursos da ‘JPMorgan’ para uma teleconferência”.
“Esses recursos são muito caros, e salas de conferências destinam-se apenas para reuniões profissionais”, disse a porta-voz.
“Nós temos uma política que afirma especificamente que os recursos só podem ser utilizados para fins comerciais. Com 250.000 funcionários no mundo todo, o que é um pedido razoável”, acrescentou.
Liberdade religiosa no ambiente de trabalho
Jill Rosenberg de Orrick, Herrington & Sutcliffe, que incide sobre o direito do trabalho, disse que a Comissão de Oportunidades Iguais para Empregos (EEOC), exige que os empregadores prevejam adaptações razoáveis para as práticas religiosas de seus funcionários.
“Os empregadores são obrigados a acomodar as crenças religiosas das pessoas, desde que estas não sejam impostas ou causem dificuldades na empresa”, disse a Comissão, de acordo com ‘Yahoo Finance’. “É um ato de equilíbrio entre o que é razoável e o que é apropriado”.
Segundo a lei, os empregadores também devem permitir aos trabalhadores que usem as vestimentas religiosas e adereços, a menos que isso se torne um problema de segurança ou afete o trabalho, de acordo com Bob Gregg, advogado das relações de trabalho.
A decisão da Suprema Corte no ano passado favoreceu uma mulher muçulmana que alegou não ter sido contratada por uma loja da grife ‘Abercrombie & Fitch’, porque ela usava um lenço na cabeça – comum às mulheres muçulmanas.
“Um empregador não pode fazer da prática religiosa de um candidato, confirmada ou não, um fator nas decisões de contratação”, afirmou o (falecido) juiz Antonin Scalia, quando publicou sua decisão sobre o caso da mulher.