Habilidades empreendedoras encantam visitantes de feira em São Miguel do Oeste
Inovação, criatividade e planejamento aliados à disseminação da cultura do empreendedorismo surpreenderam os aproximadamente 5 mil visitantes da II Feira do Empreendedor de São Miguel do Oeste, realizada no último fim de semana, no Clube Comercial. A iniciativa integrou 12 escolas municipais, com o envolvimento de mais de 1.800 estudantes e marcou o encerramento do Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), implementado aos alunos do ensino fundamental pela Secretaria Municipal de Educação e pelo Sebrae/SC.
O programa visa disseminar a cultura empreendedora entre crianças e adolescentes, de maneira a estimular a cooperação, a inovação, a ética, a cidadania e a ecossustentabilidade, para que possam tornar-se protagonistas de suas próprias vidas. Com o JEPP os estudantes têm contato com as primeiras lições de planos de negócios, planejamento, responsabilidade social, entre outros temas fundamentais para ampliar a percepção sobre o mundo do trabalho.
Neste ano, a iniciativa em São Miguel do Oeste teve ampliação com a participação de estudantes do 1º ao 9º ano. De acordo com a Secretária Municipal de Educação, Rosani Pelissari, o projeto que iniciou no município em 2016 expandiu como resultado do comprometimento de todos os envolvidos. “A motivação dos participantes no primeiro ano contagiou a todos, o que pode ser observado na evolução das propostas, na criatividade e na exposição dos produtos. Esta ação é benéfica por proporcionar ampliação do conhecimento e a vivência do mercado de trabalho, com análise do custo e definição de resultado”, complementou.
Para o prefeito de São Miguel do Oeste, Wilson Trevisan, a união da educação, das famílias e da cultura do empreendedorismo contribuem para o desenvolvimento do município. “Atualmente, São Miguel do Oeste está entre as 10 melhores cidades brasileiras no quesito qualidade de vida, para municípios de até 50 mil habitantes e sabemos que este projeto elevará esse indicador e expandirá o conceito de empreender para vida de cada participante”, destacou. O vice-prefeito Alfredo Spier ressaltou que o projeto é fundamental para a faixa etária porque contribui na visão de oportunidades futuras, na compreensão da competitividade no mercado e na análise de necessidades dos clientes. “Eles precisam compreender essa dinâmica e ter determinação e vontade para buscar seus objetivos, que fazem parte da caminhada do empreendedor”, explicou.
De acordo com o coordenador regional Extremo Oeste do Sebrae/SC, Udo Trennepohl, o Brasil perde produtividade na área da manufatura e do conhecimento, porém o JEPP com a disseminação do conhecimento focado no empreendedorismo tem contribuído na mitigação desse déficit. “O Sebrae tem transformado as regiões em que atua, por isso, daqui 15 ou 20 anos teremos regiões extremamente desenvolvidas”, avaliou.
FEIRA
Na feira foram demonstrados os produtos e serviços de várias áreas da economia desenvolvidos pelos alunos com a supervisão dos professores, durante as aulas do programa. A consultora credenciada ao Sebrae/SC responsável pelas ações do JEPP na região, Elaine Rambo, destacou que os visitantes ficaram encantados com a inovação, o avanço das ações e o comprometimento para o desenvolvimento do comportamento empreendedor que envolveu as unidades escolares e as famílias. “O processo de execução do projeto é encantador, pois transparece a persistência, a iniciativa, o planejamento e o trabalho em grupo. Além disso, trabalhamos muito sobre eficiência e qualidade, por isso os acabamentos dos produtos oferecidos chamam tanto a atenção. O JEPP, com uma metodologia diferenciada, rompe a zona de conforto, traz renovação à escola e conquista os estudantes”, analisou.
A organização, a dedicação e o comprometimento chamaram a atenção da coordenadora estadual do JEPP, Mariana Vitarelli. “Pela feira observamos o trabalho realizado, a dedicação dos professores, a alegria das crianças e a participação das famílias. Neste sentido, é muito expressiva a qualidade de execução de todo o programa na região”, enalteceu.
Para o pai de um aluno e diretor da Unidade Senai de São Miguel do Oeste, Ivanor Finato, o projeto gera expectativas de participar da Feira do Empreendedor. “Essa iniciativa é maravilhosa, acompanhamos o planejamento e a execução das tarefas e observamos o trabalho realizado em equipe e a satisfação em fazer parte. Eles têm essa necessidade de criar algo com sentido diferenciado e de visualizarem uma maneira de conquistarem seu espaço”, afirmou.
CASES
O resgate cultural pela confecção de chapéu de palha atraiu os visitantes na ação empreendedora do estudante Rogerio Heinle, de 13 anos, e seus colegas da Escola Padre José de Anchieta. A ideia surgiu a partir da temática artesanato sustentável, que tinha como desafio proposto utilizar materiais de baixo custo ou recicláveis. “Minha vó sempre fazia, por isso apresentei a proposta com o objetivo de resgatar um aprendizado e a turma gostou e trabalhamos em equipe”, relatou. Segundo a professora de ciências, Marcelí Berwanger, todos os colegas auxiliaram na confecção, principalmente, para trançar a palha. “Essa ideia chamou a atenção dos visitantes e dos alunos, então, a intenção é dar continuidade a esse tema com pesquisas de utilização da palha, de outras técnicas, conceitos e benefícios”, antecipou.
“Alfajor do Nono” a empresa planejada por 27 alunos do nono ano da Escola Marechal Arthur da Costa e Silva foi outro diferencial do evento, com confecção e comercialização de 800 unidades, sendo 600 no formato tradicional e 200 no palito. A produção foi terceirizada, mas embalagem, rótulos e comercialização foi realizada pelos estudantes.
De acordo com as professoras Katyana Tanara Von Dentz e Naiara Kosloski os estudantes participaram ativamente de todo o processo, da escolha do produto, da definição do nome, da identidade visual da empresa com elaboração de logotipo, estratégias e definição de público-alvo. “No início surgiram várias ideias e as duas principais foram a produção de picolé e de alfajor. A segunda surgiu de um aluno que conhecia o processo de fabricação do produto realizado por uma tia. Na tomada de decisão durante a execução do projeto foi utilizada a votação com definição do maior percentual da turma. Em alguns casos tiveram que analisar o custo-benefício da ação e planejar estratégias para atingir os objetivos. Os resultados surpreenderam a todos envolvidos, o que ficou ‘estampado’ no semblante deles”, explicaram as professoras.