Junto a órgãos ambientais, setor avança na utilização de combustíveis alternativos para a redução da emissão de CO2 e fortalecimento da economia circular
A mudança climática já não é algo provável, mas sim um fato. O relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), deixa claro o impacto direto da humanidade em relação ao aquecimento da atmosfera, oceano e da terra, em função da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Trata-se de eventos similares às ondas de calor ou às chuvas torrenciais que estão sendo vistas nas últimas semanas em diversos lugares do globo e que já aumentaram em intensidade e frequência devido ao aquecimento gerado pelo ser humano, conforme confirma o relatório.
Evitar um cenário pior ao que já estamos vivenciando hoje está em nossas mãos.
A disposição dos lixos urbanos e industriais são um dos grandes problemas ambientais a serem enfrentados, já que os aterros são responsáveis pela emissão do gás metano, altamente poluidor. Dessa forma, cada vez mais empresas e governos buscam soluções para utilização desses resíduos sólidos fortalecendo o conceito da economia circular. Ou seja, o reaproveitamento dos materiais descartados para inseri-los na cadeia de produção, visando sobretudo a sustentabilidade e redução de impacto no meio ambiente.
Segundo dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) estima-se que 80% da população brasileira vive em áreas urbanas e cada um dos 220 milhões de brasileiros produz 383kg de resíduos domésticos por ano, esse número é somado ao gerado durante o processo produtivo, cerca de 58 milhões de toneladas por ano.
Diante disso, na busca do melhor aproveitamento de resíduos minerais e combustíveis alternativos, a indústria brasileira do cimento, por intermédio da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), decidiu promover uma série de webinários junto aos órgãos públicos e agências ambientais de todo país, com o intuito de contribuir no desenvolvimento técnico das equipes em cada um dos estados, a fim de promover uma troca no conhecimento de soluções e alternativas, visando, sobretudo, apoiá-los na gestão de destinação de resíduos a favor da sustentabilidade e redução de impacto no meio ambiente.
A tecnologia de coprocessamento, na indústria do cimento, consiste em reaproveitar os resíduos em sua cadeia produtiva, seja como combustível ou matéria prima alternativa. Portanto, essa atividade exerce duas funções essenciais ao meio ambiente, já que possibilita que uma fração importante dos resíduos não sejam dispostos em aterros, ao mesmo tempo que ajuda a reduzir a emissão de CO2 em seu processo produtivo, por substituir os combustíveis fósseis amplamente utilizados pela indústria. O setor tem avançado de forma positiva nessa questão. Em outubro do ano passado, conseguiu-se aprovar a nova Resolução CONAMA de coprocessamento de resíduos em fornos de cimento, em substituição à primeira versão que tinha mais de 20 anos. Com isso, foram atualizadas definições e parâmetros com base também nas mais modernas normas internacionais. Ao mesmo tempo, foi também inserido o conceito de Resíduo Sólido Urbano e formas de tratamento térmico destes resíduos.
Dos anos 2000 pra cá, o percentual de utilização de combustíveis alternativos dentro da matriz energética do setor saltou de 9% para 31% (2019). Em termos absolutos, de 300 mil toneladas em 2000 para 1,5 milhões de toneladas de resíduos destruídos atualmente.
Com isso, até 2050, a indústria do cimento espera alcançar uma taxa de utilização de 55% destes combustíveis alternativos dentro da matriz energética. Para isso, além dos investimentos em tecnologia já realizados, precisamos avançar, e muito, na gestão adequada de resíduos por parte dos entes públicos.
O coprocessamento de resíduos está plenamente inserido no conceito de economia circular, já que ao mesmo tempo em que reaproveita o poder calorífico destes resíduos, elimina o passivo ambiental representado pelo acúmulo deles em aterros ou mesmo lixões. Ao mesmo tempo, pelo fato destes resíduos conterem teores menores de carbono que os combustíveis fósseis tradicionais utilizados pelo setor, como coque de petróleo, contribuem também para a redução das emissões de CO2 da indústria. Os benefícios da técnica incluem preservação de recursos naturais e matérias-primas, redução de gases de efeito estufa, geração de empregos, erradicação dos lixões, melhoria da saúde pública, inclusive com redução de gastos nessa área, e aumento da vida útil dos aterros sanitários, sendo, portanto, aliado da economia circular.
Sobre a ABCP
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) é uma entidade sem fins lucrativos, mantida pela indústria brasileira do cimento, que há mais de 80 anos promove estudos sobre o cimento e seus sistemas construtivos e presta serviços laboratoriais de excelência à cadeia produtiva da construção civil que emprega o concreto. Mantém uma equipe de profissionais graduados à disposição do mercado, para consultoria e suporte a grandes obras da engenharia brasileira.
Para conhecer a ABCP, visite o Portal https://www.abcp.org.br