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Janot denunciou Aécio, Lula e Dilma. Por que não Michel Temer?

Um dia depois de denunciar Aécio Neves, líder do maior partido de oposição, Rodrigo Janot mirou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, tudo a partir da delação do senador Delcídio Amaral. No entanto, o procurador-geral deixou de fora um personagem central: Michel Temer, que também foi citado nas mesmas delações como responsável pela indicação de corruptos na Petrobras

Nesta semana, o procurador-geral Rodrigo Janot denunciou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) por suposto envolvimento num esquema de propinas em Furnas. Um dia depois, ele mirou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros 30 atores políticos.

Sua lista inclui nomes do PT, como Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, e do PMDB, como Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha. Ele também pediu investigação contra presidente Dilma Rousseff, por suposta obstrução de Justiça, na tentativa de nomear Lula como chefe da Casa Civil.

Janot, no entanto, não se manifestou sobre o vice-presidente Michel Temer, que poderá assumir a presidência no dia 12 de maio, caso o Senado vote pela admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma.

Porém, Temer também foi citado na delação de Delcídio – a mesma que motivou as recentes denúncias contra Aécio, Lula e companhia.

Na delação, Delcídio diz que Temer teria “apadrinhado” dois investigados na Operação Lava Jato à BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, e à própria estatal. Segundo o senador petista, o vice-presidente da República deu aval à indicação do lobista João Augusto Henriques para a BR em 1997 e ao nome de Jorge Zelada para a diretoria Internacional da Petrobras.

Ainda segundo o senador, como o nome de Henriques foi vetado, Zelada acabou ficando com a vaga e Temer acabou sendo seu padrinho: “Que João Augusto Rezende Henriques indicou Jorge Zelada, Que Jorge Zelada foi chancelado por Michel Temer e pela bancada do PMDB”, diz a força-tarefa.

Temer também foi citado num escândalo de manipulação dos preços do etanol, numa época em que João Augusto Henriques, atualmente preso em Curitiba, ocupou uma diretoria da BR Distribuidora.

De acordo com a denúncia, entre os anos de 1997 e 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, o lobista Henriques teria montado um esquema de corrupção em torno da compra de etanol. Indicado por Michel Temer, seria ele o principal operador do esquema. Teria obtido recursos ilícitos a partir da manipulação do preço do etanol. Henriques foi demitido em 2001.

O vice-presidente foi mencionado ainda, dias atrás, por um outro delator: o empresário José Antunes Sobrinho, um dos donos do grupo Engevix, que mencionou a conquista de um contrato na Eletronuclear pela empresa Argeplan graças à influência do vice-presidente.

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