Tecnologia se cria, copia, recria e testa. Esse foi um dos aprendizados – que pode ser aplicado no agro catarinense – da jovem produtora rural Carine Babick, de Itapiranga (SC), durante a missão técnica ao Vale do Silício. Carine foi representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC) e esteve acompanhada pelos outros dois vencedores do CNA Jovem 2019, Paula Hofmeister, representante de Pedras Altas (RS), e Pedro Teixeira, representante de Petrópolis (RJ), e também pela coordenadora do CNA Jovem, Fernanda Nonato. A viagem foi a premiação pelo destaque que tiveram ao longo do programa de desenvolvimento de lideranças do Sistema CNA/SENAR.
Eles finalizaram a viagem no último fim de semana, após conhecer diversas empresas e profissionais de inovação e tecnologia no Vale do Silício, o principal centro de inovação tecnológica e empreendedorismo do mundo. Durante a imersão de cinco dias, os jovens tiveram contatos com especialistas de empresas globais. Para Carine, que conquistou o prêmio CNA Jovem 2019 como destaque individual com Melhor Potencial de Liderança, a viagem foi importante para conhecer diferentes realidades e maneiras de pensar o futuro da relação entre o uso da tecnologia com os seres humanos. “Isso deve facilitar e otimizar o tempo para que possamos aproveitar nosso tempo livre, produzir mais, de forma eficiente e humanizada”, frisou.
A jovem salientou que independentemente da tecnologia, o mais importante não é a ferramenta que se tem, mas como é utilizada. “A geração de dados é fundamental para validar os processos e garantir que erros não se repitam. As empresas de maior importância em nível mundial não são mais as detentoras de petróleo ou outros bens materiais. O produto mais valioso hoje são os dados que essas empresas detêm. O fato de possuir esses dados, do que gostamos de ouvir, ler, ver, fazer, comer, conhecer, permite que o serviço prestado seja cada vez mais individualizado, com foco na experiência do cliente”, relatou.
Para o agronegócio, Carine citou a valorização das pessoas. “Apesar de toda a tecnologia, os seres humanos são únicos e não podem ser copiados. Para o nosso agro catarinense se aplica a mesma questão: por detrás de cada grande feito existem pessoas e grandes feitos são para pessoas. A diversidade cultural, étnica, de origens, gostos e cores é o que estimula a criatividade para inovação. As pessoas são o fator mais importante desse processo”, analisou.
Durante a imersão, os jovens tiveram a oportunidade de trocar experiências com especialistas em inovação, inteligência artificial, automação e mobilidade que desenvolvem e investem negócios criativos para resolver problemas do dia a dia com soluções disruptivas, como o Netflix, Google e a Salesforce. Ainda na programação, eles visitaram as Universidades de Stanford e de Berkeley, além da sede do Google. Assistiram a palestras sobre o futuro da alimentação, marketing digital, inovação corporativa, futuro da educação e conheceram inovações que estão sendo trabalhadas para o setor agropecuário no caminho da digitalização, automação e tecnificação do agronegócio nacional.
Para os jovens, a experiência serviu, ainda, para obter informações relevantes sobre como começar a inovar mudando a forma de pensar dos produtores no sentido de se preparar para a transformação dos modelos de produção e consumo e, assim, desenvolver iniciativas que poderão ser adaptadas ao agro brasileiro e influenciar na produção de alimentos. “A maneira como os desenvolvedores e as empresas se importam com as pessoas que serão beneficiadas pelas inovações foi o mais impactante para mim”, salientou Carine.
A metodologia utilizada no CNA Jovem auxilia na resolução de problemas do agro a partir de soluções inovadoras. “Por isso precisamos conhecer o que há de mais inovador e estimular a cultura empreendedora dos jovens brasileiros. Percebemos que as empresas da região do Vale do Silício investem fortemente nas pessoas e seus negócios para atender um mercado de nichos e não mais de massa. É preciso nos adaptarmos a essa nova tendência de mercado, e o agro não pode ficar para trás nesse novo cenário”, analisou Fernanda Nonato.