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Mostra Itinerante da 32ª Bienal de São Paulo abre no Sesc em Itajaí, nesta semana

Mostra Itinerante da 32ª Bienal de São Paulo abre no Sesc em Itajaí, nesta semana

Nesta sexta-feira, 06 de outubro, o Sesc em Itajaí (SC) abre ao público a Mostra Itinerante da 32ª Bienal de São Paulo, intitulada “Incerteza Viva”. Com entrada gratuita, a exposição fica em cartaz até 03 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. Visitas mediadas e em grupos podem ser agendadas pelo e-mail: agendabienal@sesc-sc.com.br. O Sesc em Itajaí está localizado na Rua Almirante Tamandaré, 259, Centro.

Fruto da parceria institucional entre a Fundação Bienal de São Paulo e o Sesc, a mostra foi especialmente elaborada para a cidade, sob curadoria geral de Jochen Volz, responsável pela última edição da Bienal, em 2016. Oito artistas e coletivos apresentam obras na exposição em Itajaí: Bárbara Wagner (DF), Ebony G. Patterson (Jamaica), Gilvan Samico (PE), Jonathas de Andrade (AL), José Bento (BA), OPAVIVARÁ! (RJ), Rosa Barba (Itália / Alemanha) e Wilma Martins (MG).

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Programação paralela:

Para acompanhar e complementar os debates propostos na exposição presente em Itajaí, um programa de filmes, conversas abertas e ativações de obra com a participação dos artistas da 32ª Bienal estará na grade de atividades do Sesc em Itajaí entre os meses de outubro e novembro. O coletivo OPAVIVARÁ! (RJ) abre essa programação paralela, com ativação da obra “Transnômades”, no dia 06 de outubro, às 13h, na Rua Hercílio Luz, s/n (em frente à Casa da Cultura Dide Brandão). O grupo apresenta um conjunto de dispositivos móveis de interação pública, que circula pelos ambientes, buscando um diálogo com as formas de expressão do comércio ambulante e dos carregadores.

Todas as terças-feiras, de 17 de outubro a 21 de novembro, às 19h, haverá a exibição de filmes comissionados para a 32ª Bienal, no Teatro do Sesc em Itajaí. Após as sessões, serão realizadas conversas abertas entre o público e convidados especiais. A mediação será conduzida por Cláudia Cárdenas, roteirista, cineasta, pesquisadora, professora e integrante do duo Srangloscope, que trabalha linguagens não narrativas em seus vídeos e filmes.

+ Sobre a 32ª Bienal de SP

Intitulada “Incerteza Viva” [Live Uncertainty], a 32ª Bienal teve como eixo central a noção de incerteza a fim de refletir sobre atuais condições da vida em tempos de mudança contínua e sobre as estratégias oferecidas pela arte contemporânea para acolher ou habitar incertezas. A exposição se propôs a traçar pensamentos cosmológicos, inteligência ambiental e coletiva assim como ecologias naturais e sistêmicas. Com público de 900 mil visitantes entre setembro e dezembro de 2016, foi concebida em torno de 81 artistas e coletivos sob curadoria de Jochen Volz e dos cocuradores Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México).

Em 2017, o programa de mostras itinerantes da 32ª Bienal de São Paulo circula com seleções de obras da 32ª Bienal por 11 cidades no Brasil e duas no exterior: Campinas/SP, Belo Horizonte/MG, São José dos Campos/SP, Cuiabá/MT, São José do Rio Preto/SP, Ribeirão Preto/SP, Garanhuns/PE, Palmas/TO, Santos/SP, Itajaí/SC, Fortaleza/CE, Bogotá/Colômbia e Porto/Portugal.

SERVIÇO PROGRAMAÇÃO PARALELA 
Mostra Itinerante da 32ª Bienal SP no Sesc em Itajaí

CONVERSAS ABERTAS E ATIVAÇÕES DE OBRA

Transnômades (2016), de OPAVIVARÁ!
6 de outubro, 13h • Rua Hercílio Luz, s/n (em frente à Casa da Cultura Dide Brandão)
24 de novembro, 19h • Teatro Sesc Itajaí (Rua Almirante Tamandaré, 259, 3º andar)
25 de novembro, 10h • Praça Genésio Miranda Lins

Para ativar a obra “Transnômades”, um conjunto de dispositivos móveis de interação pública, que circula pelos ambientes, buscando um diálogo com as formas de expressão do comércio ambulante e dos carregadores, o coletivo OPAVIVARÁ! promove dois encontros e uma conversa com o público de Itajaí.

Conversa aberta com Jonathas de Andrade
1 de novembro, 19h • Teatro Sesc Itajaí (Rua Almirante Tamandaré, 259, 3º andar)

O artista Jonathas de Andrade, criador do filme O Peixe, um dos destaques da 32ª Bienal, conversa com o público de Itajaí sobre seu repertório e a criação da obra em cartaz na exposição.

PROGRAMA DE FILMES
17 de outubro a 21 de novembro • Todas as terças-feiras, às 19h, no Teatro Sesc em Itajaí

17 de outubro, 19h: Ma’arad Trablous [A exposição de Trípoli] (2016), de Alia Farid
Alia Farid trabalha num campo híbrido entre arte e arquitetura, estimulando o pensamento crítico frente aos espaços urbanos. Seus projetos e reflexões se manifestam na forma de intervenções, vídeos e instalações. Para a 32ª Bienal, a artista desenvolveu um vídeo nas construções da Feira Internacional Rashid Karami em Trípoli, Líbano (1963). Este complexo arquitetônico foi desenhado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer (1907-2012), assim como alguns prédios do Parque Ibirapuera em São Paulo (1953) construídos para o IV Centenário da cidade.

Convidado: Gilberto Sarkis Yunes
Professor adjunto no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC. Em 2010, realizou pós-doutorado junto à Università degli Studi di Napoli Federico II, na Itália, como professor convidado do Programa Erasmus Mundus / MaCLands, Master em Paisagens Culturais. Tem atuação nas áreas de arquitetura, urbanismo e design, com ênfase em história e preservação do patrimônio cultural.

24 de outubro, 19h: Running Out of History [Esgotando-se de história] (2016), de Michal Helfman
Michal Helfman trabalha com escultura, desenho, instalação, performance, dança e filme. Para a 32ª Bienal, a artista apresenta a videoinstalação “Running Out of History” [Esgotando-se de história] (2016), um filme ficcional baseado em dois diálogos reais com uma narrativa sobre justiça, construção histórica, arte, política e práticas ativistas. Essas conversas acontecem em torno de questões acerca do contrabando e a partir das semelhanças e diferenças entre ativistas e artistas, como figuras que podem inspirar e influenciar a realidade.

Convidado: Coletivo ETC
O grupo inquieta-se por provocar gradativos ruídos na frequência contínua que visa domesticar o despolitizar a relação entre corpo e cidade, na busca de questionar e contaminar a sociedade do espetáculo. O trânsito configura a sua manifestação enquanto coletivo: energético, catártico e efêmero.

31 de outubro, 19h: Bombom’s Dream [Sonho de Bombom] (2016), de Cecília Bengolea e Jeremy Deller
A coreógrafa, dançarina e performer Cecília Bengolea trabalha pela segunda vez em parceria com o artista Jeremy Deller neste projeto que se utiliza de diferentes linguagens e que partem de fenômenos da cultura popular contemporânea, sobretudo da música e da dança, para pensar de modo crítico suas relações com a economia, condições de trabalho e sistemas políticos. Num complexo emaranhado de influências tradicionais e modernas e alinhados a contextos culturais e políticos específicos, Bengolea e Deller trazem à vista movimentos identitários de resistência e afirmação de gênero, sexualidade e comportamento.

Convidado: Anderson do Carmo
Bailarino do Grupo Cena 11 Cia de Dança, pesquisador das artes e crítico baseado em Florianópolis. É graduado na Licenciatura e Bacharelado em Teatro no CEART-UDESC e mestrando em Linguagens Cênicas, Corpo e Subjetividade do PPGT-UDESC. Visita teoricamente a obra de artistas da dança contemporânea e coordena projetos de produção crítica em contextos de investigação e performance.

7 de novembro, 19h: Heaven [Céu] (2016), de Luiz Roque
Enquanto o conservadorismo cresce e acirra preconceitos de raça, classe e gênero, o futuro se fortalece como lugar recorrente na obra de Luiz Roque. Na 32ª Bienal, o artista apresenta “Heaven” [Céu] (2016), que se passa na segunda metade do século 21, quando a notícia de uma epidemia de origem desconhecida faz os órgãos de saúde levantarem a hipótese de transmissão de um vírus pela saliva de transexuais. A escolha precoce dos suspeitos repete a retórica preconceituosa e acusatória das campanhas contra a Aids na década de 1980.

Convidada: Lirous K’yo Fonseca de Ávila
Coordenadora Geral da ADEH – Associação em Defesa dos Direitos Humanos – com enfoque na sexualidade, graduada em Serviço Social na UFSC (2016), com a dissertação “Ousadia, (in)visibilidades e exclusões de uma mulher trans na Universidade”. Foi membro da Comissão Permanente de Acompanhamento das Políticas de Igualdade de Gênero (UFSC), do Conselho Municipal da Juventude e  Conselheira Estadual de Assistência Social (CEAS), em Florianópolis / SC.

14 de novembro, 19h: Joking Relationship [A história do humor] (2016), de Gabriel Abrantes
Comissionado pela 32ª Bienal, o filme foi rodado no Mato Grosso (Canarana e aldeias Yawalapiti e Kamayura dentro do Parque Indígena do Xingu) e em São Paulo. O filme usa do humor e da irreverência para tratar do deslocamento de povos indígenas e da ameaça ecológica de usinas hidroelétricas, incorporando assuntos de antropologia, tecnologia e política à sua narrativa ficcional. A história conta a jornada de uma indígena comediante que se une a um robô e conquista a fama na indústria cultural de massa brasileira. O filme, de natureza insólita, coloca em questão os hábitos humorísticos de diversos grupos indígenas em contraste com o progresso e a inteligência artificial.

Convidada: Cinthia Creatini
Doutora e Mestre em Antropologia Social, etnóloga, possui experiência na coordenação de Grupos Técnicos para identificação e delimitação de terras indígenas e quilombolas, e também na coordenação de Estudos de Componentes Indígenas. Membro da Comissão para Igualdade Racial da OAB/SC, é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Desenvolvimentos em Conhecimento e Consciência e participa do A-Funda, Núcleo de Antropologia Fundamental do Departamento de Antropologia, ambos da UFSC.

21 de novembro, 19h: Gozolândia e outros Futuros (2016), de Priscila Fernandes
Na 32ª Bienal, Priscila Fernandes apresenta um filme, parte da instalação “Gozolândia e outros Futuros” (2016), comissionada para a mostra. Realizado inteiramente no Parque Ibirapuera, faz referência ao país da Cocanha, mito medieval sobre a existência de um lugar onde há comida abundante, clima ameno e onde o trabalho é desnecessário. O filme articula relações entre a estética abstrata e o binômio trabalho/ócio, atualizando essa discussão ao contexto de hoje.

Convidado: Paulo Emílio Cabral
Psicanalista, graduado em Psicologia pela USP e Mestre em Psicologia do Programa em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (2015). Escreveu a tese “Ensaio sobre a Preguiça”. Participa do Laboratório de Psicanálise e Análise do Discurso (LAPSI) e do Laboratório de Pesquisa e Intervenções Psicanalíticas (psiA).

+ SOBRE ARTISTAS E OBRAS

BÁRBARA WAGNER
1980, BRASÍLIA, BRASIL. VIVE EM RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL
O brega é música, dança, cena cultural e economia criativa na periferia do Recife. Em duas linhagens, funk e romântico, constitui uma cadeia de MCs, DJs, bailarinos, produtores, empresários e público. Seus hits – eróticos, irônicos, lamuriosos e, em alguns casos, ainda machistas – extrapolam os limites socioeconômicos dos bairros e participam da paisagem sonora de uma cidade convulsiva em suas diferenças. A artista Bárbara Wagner, em parceria com Benjamin de Burca, desconstrói esse fenômeno no filme “Estás vendo coisas” (2016) e o analisa tornando visíveis as singularidades, as errâncias e também algumas relações entre seus agentes. A boate Planeta Show abrigou o experimento de um retrato coletivo e filmado, que, nessa condição, desafia o caráter preciso da fotografia. O resultado não deixa de ser documental, mas é parcialmente ofuscado pela luz artificial de estúdio, camarim, palco e tela, com personagens que encenam a si mesmos.

EBONY G. PATTERSON
1981, KINGSTON, JAMAICA. VIVE EM KINGSTON E LEXINGTON, KENTUCKY, EUA
Ebony G. Patterson parte de referências da pintura para compor cenas e retratos que se relacionam com a cultura popular e o forte contexto de violência caraterístico de diversas comunidades em Kingston, Jamaica. Transitando por técnicas variadas, a artista tem a fotografia como primeira etapa na elaboração de suas composições. Transforma as imagens em tapetes que, por meio de colagens, recebem camadas de tecidos e ornamentos. Os painéis de grande dimensão que daí derivam exploram o excesso de material, brilho e cor como forma de lançar luz sobre a necessidade de distinção por meio de bens de consumo e opulência, comportamento intimamente ligado a procedimentos de opressão social. A despeito da superfície colorida, as cenas retratam, de modo quase mimético, corpos estendidos no chão, assim como momentos casuais de convivência na rua. O conjunto de painéis apresentado na 32ª Bienal é uma tentativa de traçar paralelos entre os contextos socioculturais do Brasil e da Jamaica. Reagindo aos altos índices de assassinato de crianças e jovens negros nos dois países, Patterson retrata uma infância que é potência de criação e transformação, e que, ao mesmo tempo, padece diante de sistemas excludentes e violentos.

GILVAN SAMICO
1928, RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL – 2013, RECIFE
Gilvan Samico apresenta em suas gravuras mitos e cosmologias repletos de simbologias. Suas composições têm a simetria e a verticalidade como valores que organizam narrativas sobre a natureza – sendo homens e mulheres parte desse ambiente – e instâncias sagradas que se relacionam com a vida terrena. Iniciou sua prática artística como autodidata no Recife, mas depois estudou sob tutela de Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi. A impressão de suas gravuras era feita de forma minuciosa e manual. A produção de cada peça presente na 32ª Bienal levou um ano de trabalho do artista, entre 1975 e 2013. Influenciado pela arte popular nordestina, Samico tem como referência a literatura de cordel e o Movimento Armorial, sendo o encontro com o escritor Ariano Suassuna um importante ponto de inflexão em sua trajetória. Partindo de narrativas locais, Samico traça uma história visual que engloba cosmologias sobre a formação do mundo e o estudo de livros como a trilogia Memoria del Fuego, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, publicada entre 1982 e 1986. Assim, os títulos das obras funcionam como chaves de leitura que, junto às imagens, revelam camadas que pertencem e povoam o imaginário de tantas culturas.

JONATHAS DE ANDRADE
1982, MACEIÓ, ALAGOAS, BRASIL. VIVE EM RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL
Jonathas de Andrade trabalha com suportes variados, como instalação, fotografia e filme, em processos de pesquisa que têm profundo caráter colaborativo. Sua obra discute a falência de utopias, ideais e projetos de mundo, sobretudo no contexto latino-americano, especulando sobre sua modernidade tardia. Em seu trabalho, afetos que oscilam entre a nostalgia, o erotismo e a crítica histórica e política são agenciados para abordar temas como o universo do trabalho e do trabalhador, e a identidade do sujeito contemporâneo, quase sempre representado pelo corpo masculino. O filme “O peixe” (2016), apresentado pela primeira vez na 32ª Bienal, acompanha pescadores pelas marés e pelos manguezais de Alagoas, que utilizam técnicas tradicionais de pesca, como rede e arpão, na espera pelo tempo necessário para capturar a presa. Cada pescador encena uma espécie de ritual: eles retêm os peixes entre seus braços até o momento da morte, uma espécie de abraço entre predador e presa, entre vida e morte, entre o trabalhador e o fruto do trabalho, no qual o olhar – do pescador, do peixe, da câmera e do espectador – desempenha papel crucial. Situada num território híbrido entre documentário e ficção, a obra dialoga com a tradição etnográfica do audiovisual.

JOSÉ BENTO
1962, SALVADOR, BAHIA, BRASIL. VIVE EM BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS, BRASIL
Desde a década de 1980, José Bento dedica-se a experimentações escultóricas com madeira em diversas escalas, além da produção de vídeos, instalações e fotografias. A obra “Do pó ao pó” (2016) é composta de caixinhas de fósforos expostas sobre estruturas de bancas de camelô com pés retráteis. Os conjuntos são esculpidos em madeiras de biomas brasileiros, como braúna, cedro, pau-brasil, o que inclui cada palito de fósforo contido nas caixas. O título, ao evocar a presença do fogo, propõe refletir sobre a relação que há entre o tempo e a matéria que constitui inícios e fins.

OPAVIVARÁ!
CRIADO EM 2005. BASEADO NO RIO DE JANEIRO, BRASIL OPAVIVARÁ!
É um coletivo artístico que faz uso de elementos do cotidiano para modificar a dinâmica dos espaços onde se insere. Eles intervêm em objetos e hábitos, alteram seu funcionamento e propõem outras engrenagens, cujo uso requer desaprender o que se pensava conhecido, de modo a reinserir o prazer e o afeto como valores políticos. A criação desses objetos ganha novo sentido quando são trazidos a público e habitados pelos participantes, deflagrando situações, encontros e vivências que visam gerar um curto-circuito nos valores e protocolos dos sistemas nos quais atuam, seja uma praça, seja um museu. Na 32ª Bienal, o coletivo apresenta o trabalho “Transnômades” (2016), um conjunto de dispositivos móveis de interação pública, que circula pelos ambientes, buscando um diálogo com as formas de expressão do comércio ambulante e dos carregadores. O OPAVIVARÁ! ressignifica os carrinhos movidos por tração humana e lhes confere usos ligados aos entretempos de trabalho dos próprios carregadores e carroceiros, transformando tais dispositivos em cama, cabana, biblioteca e carro de som. Trata-se de uma reflexão sobre a condição dos agentes nômades da cidade: sua situação vacilante entre lei e improviso, a gambiarra como prática de subsistência e seu estado permanente de migração.

ROSA BARBA
1972, AGRIGENTO, ITÁLIA. VIVE EM BERLIM, ALEMANHA
O filme é o meio e a matéria-prima dos trabalhos de Rosa Barba. Com sua câmera, a artista persegue os vestígios deixados pela ação do homem na paisagem, e tenta entender como eles se relacionam com a realidade – como se inscrevem no inconsciente e como se manifestam coletivamente numa sociedade. O filme “Disseminate and Hold” [Disseminar e reter] (2016) estabelece um diálogo com os conteúdos e os sentidos imaginários impregnados na construção conhecida como Minhocão, o elevado de concreto de 3,5 quilômetros construído na cidade de São Paulo em 1970, durante a ditadura militar. As instalações e obras site-specific da artista conjugam imagem, som e texto. Ela cria espaços que representam um estado mental de suspensão, situações liminares em que política e poesia não se separam. Os mecanismos de projeção, incluindo a própria película em celulose, tornam-se esculturas performativas, atores de seus trabalhos.

WILMA MARTINS
1934, BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS, BRASIL. VIVE NO RIO DE JANEIRO, BRASIL Wilma Martins relaciona-se com seu entorno por meio de desenhos, gravuras e pinturas. Na série “Cotidiano” (1975-1984), seu processo de trabalho consiste em vários estágios, nos quais desenhos e pinturas vêm de e voltam para seus cadernos, como revisitações – ora os desenhos são esboços de pinturas posteriores, ora são registros de uma composição que já nasceu na tela. Os espaços domésticos, aparentemente ordinários, são habitados por animais silvestres e cobertos por matas e rios que “esparramam-se” ou surgem por frestas do dia a dia, como uma pia repleta de louça e as dobras de um cobertor. Jogando com escalas e cores, a artista torna visível a coexistência de universos supostamente incompatíveis. Em sua obra, o que poderia estar à espreita no inconsciente emerge para atravessar inesperadamente a rotina e ocupá-la com uma atmosfera insólita. Morando no Rio de Janeiro desde a década de 1960, Martins contempla vistas a partir de sua casa, hábito que cultiva para criar as telas das paisagens.

32ª Bienal de SP – Itinerâncias: Sesc em Itajaí
6 de outubro a 3 de dezembro de 2017
Seg-Sex: 9h às 21h; sáb, dom: 10h às 16h
Sesc Itajaí – Centro de Atividades  • Rua Almirante Tamandaré, 259, Itajaí – SC
(47) 3249-3879
Entrada Gratuita
Agendamento de visitas mediadas e em grupos: agendabienal@sesc-sc.com.br

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