Apesar de ainda existirem algumas barreiras de preconceito, características femininas colocam a mulher em posição de vantagem à frente dos negócios. Elas estão conquistando espaços no mundo corporativo e se tornam cada vez mais preparadas para os desafios profissionais
Um estudo do Sebrae, realizado em parceria com a Global Entrepreneurship Monitor, apontou que 8% da população feminina do Brasil é empreendedora. São quase 5,7 milhões de mulheres à frente do próprio negócio e que fazem crescer os números dessa representatividade no mercado nacional, ainda que de forma lenta.
O consultor empresarial Roberto Vilela destaca que apesar das barreiras a serem superadas pelas mulheres, o impacto positivo da atuação delas no meio empresarial tem um grande peso. “Pesquisas mostram que as mulheres se preparam melhor para o empreendedorismo. Elas estudam mais, buscam especializações. Além disso, a mulher consegue ter uma visão muito mais abrangente sobre detalhes do negócio, vindo da sua capacidade natural de ser multitarefa. Isso dá às mulheres vantagens significativas em comparação aos homens quando o assunto é liderança”, afirma.
Autor do livro Caçador de Negócios (editora All Print), o consultor traz na obra algumas histórias de mulheres que superaram os desafios do mercado para se tornarem referência em suas áreas de atuação. É o caso da farmacêutica Maria Cecília de Noronha, que saiu do Paraguai para estudar no Brasil e criou no país o próprio negócio. “Abri a Dermaestética em 1992. Aprendi que é necessário conhecer o mercado, planejamento de negócios, ter foco e estar rodeada das melhores pessoas. Comecei sozinha e hoje já são mais de 40 profissionais comigo”, conta a executiva na obra.
Irene da Silva, CEO da Ellevo, empresa de tecnologia, também compartilha sua experiência no livro. Formada em assistência social, foi a convite do marido que deixou o serviço público para assumir a gestão financeira da empresa, hoje sob seu comando. Ela acredita que é a competência que precisa ser avaliada no mercado, independentemente de gênero. “O mercado está aberto a quem ousar, estudar e se dedicar, seja essa pessoa homem ou mulher. Já provamos que podemos ter nossos cargos de liderança e que podemos entregar excelência e ser quem quisermos”, destaca.
Outra mulher que conquistou destaque no mercado de trabalho é a engenheira de materiais Evelin Wanke, que é gerente de negócios da Epson do Brasil. Em podcast com o consultor, ela fala sobre os desafios da carreira. “Hoje nós vemos muito mais mulheres nas lideranças das empresas, especialmente nas multinacionais. Houve essa evolução na presença das mulheres nas empresas. Na minha carreira não vejo preconceito em relação a gênero, mas sim uma mudança natural no pensamento de gestão. Antigamente, por exemplo, poucos jovens assumiam a gestão e hoje já é mais comum que a competência se sobressaia ao tempo de casa”, destaca.