Com faturamento estimado de R$ 11,4 bilhões, o setor tecnológico de Santa Catarina já representa aproximadamente 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. São 2,9 mil empresas de tecnologia da informação (TI), com cerca de com 5,3 mil sócios empreendedores e mais de 47 mil funcionários. Os dados são da pesquisa desenvolvida pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) em parceria com a empresa de big data Neoway.
Santa Catarina foi o Estado que teve o melhor desempenho: o número cresceu 3,6%, enquanto no Brasil o saldo foi negativo em 0,1%. No ranking de crescimento por regiões catarinenses, o Oeste foi a segunda que mais cresceu (9,6%), atrás somente da região Serrana (11,7%). A Grande Florianópolis, a maior região do Estado no setor de tecnologia, ficou em terceiro lugar com índice de 4,8%.
Os números do levantamento demonstram que o setor de tecnologia está crescendo na contramão da crise. Dependente de produção intelectual, o setor situa-se, hoje, entre os mais promissores e atraentes para investimentos. No Oeste, as empresas apresentaram resultados positivos em 2016. A Associação Polo Tecnológico do Oeste Catarinense (Deatec), por meio do associativismo, vem contribuindo para o desenvolvimento e consolidação das empresas. Nesta entrevista, o presidente César Bortolini, que deixa o cargo em 2016, faz uma avaliação da sua gestão, fala sobre o setor, analisa o cenário atual e aponta perspectivas para 2017.
De modo geral, como o senhor avalia o ano de 2016 para a Deatec?
Cesar Bortolini – O ano de 2016 foi muito positivo, obtivemos um crescimento expressivo. Tínhamos no início do ano 47 empresas associadas e terminamos o ano com 93. Isso vem ao encontro do fortalecimento da associação e, sendo mais fortes, podemos ir mais longe. Para os empresários do setor também foi um ano bom. Temos números não oficiais de crescimento médio de 10% nas empresas de TI.
Quais foram os principais desafios durante o seu mandato?
Bortolini – O principal desafio foi criar um ambiente em que as empresas associadas tivessem participação, além de despertar a importância do associativismo, criando um ambiente inovador e de crescimento. Oferecemos cursos, parcerias com universidades e convênios com o Badesc para a disponibilização de linhas de financiamento diferenciadas aos associados. Para incentivar as empresas que estão iniciando, criamos em 2016 um novo plano para associados: uma categoria exclusiva para startups, que oferece mensalidades diferenciadas, com objetivo de trazer novas ideias para a entidade e contribuir no desenvolvimento dessas organizações. Além disso, fortalecemos as Verticais do Comércio e da Agroindústria. São grupos de empresas que atuam em mercados semelhantes e complementares, estimulando o associativismo, o relacionamento entre as empresas e a geração de novos negócios.
E as principais conquistas?
Bortolini – Destaco o crescimento da associação e a missão para o Vale do Silício que nos proporcionou uma visão diferenciada para o futuro de nosso setor. O Vale do Silício, localizado na Califórnia, é referência mundial em inovação. Os conhecimentos adquiridos foram compartilhados com os empresários com objetivo de estimular novos projetos, novas ideias e qualificar o setor, tornando o Oeste catarinense referência em base tecnológica.
Qual a importância da Deatec para o desenvolvimento de um ecossistema inovador em Chapecó e região?
Bortolini – A Deatec tem papel fundamental, pois como associação de empresas do setor de tecnologia e inovação, pode representar e cooperar para proporcionar um ambiente dinâmico e inovador. Estamos há 11 anos trabalhando para fomentar o desenvolvimento de novos negócios. Acredito que o principal ponto para que tudo isso funcione é a cooperação entre os agentes de inovação. Temos no Oeste uma característica muito forte de cooperativismo e isso ajuda no processo de desenvolvimento de qualquer setor e, principalmente, o segmento de tecnologia e inovação.
Pesquisa da Acate mostrou que o Oeste de SC é a segunda região que mais cresce no setor de tecnologia no Estado. Ao que você atribui esse crescimento?
Bortolini – Acredito que faz parte do ambiente de inovação e empreendedorismo de nossa região, com a participação da tríplice hélice envolvendo governo, universidades e as empresas privadas, todas alinhadas ao mesmo objetivo.
Como acredita que a Deatec é vista hoje na sociedade do Oeste catarinense?
Bortolini – A Associação é vista como uma referência na área de tecnologia e inovação e essa é nossa missão: tornar-se destaque regional com representatividade em todo o Oeste de Santa Catarina.
Um dos desafios da Deatec é a implementação do Condomínio Tecnológico. O que é e como funcionará o Condomínio?
Bortolini – A Deatec está há seis anos trabalhando fortemente no planejamento e projeto de implantação do Condomínio Tecnológico. É uma área institucional que vai permitir que as empresas de tecnologia construam suas sedes e compartilhem recursos e espaços, otimizando investimentos e tempo. O local para construção está definido. O terreno, com 204 mil metros quadrados, está em posse da Prefeitura. O próximo passo é definir como essa área será disponibilizada à Deatec. Acreditamos que nosso condomínio poderá ser um dos grandes propulsionadores dessa nova matriz econômica da região.
O ano de 2016 foi atípico e instável para a economia nacional. Como você avalia o impacto da crise econômica no setor e quais as perspectivas para 2017?
Bortolini – A economia nacional no ano de 2016 foi realmente atípica, mesmo assim nosso setor expandiu. Por isso, acreditamos que investimento em tecnologia e inovação possa ser um dos caminhos para a retomada do desenvolvimento do País. Estamos vivendo um momento muito importante para o segmento e acreditamos que os próximos anos serão marcados por uma grande revolução na matriz econômica do Oeste. Para 2017 nossa expectativa é de um crescimento ainda maior, principalmente em nossa região, pois estamos confiantes que tanto o Parque @Chapecó como nosso Condomínio Tecnológico serão inaugurados, o que proporcionará que tenhamos um ambiente ainda mais favorável e facilitador para novos negócios e novas ideias se tornarem produtos comerciais.
MARCOS A. BEDIN