Em matéria publicada, recentemente, aqui mesmo em nosso Blog, após deflagrada a Operação Turbulência, relembramos que uma das empresas de um dos cabeças do esquema de lavagem de dinheiro desviado de contratos e obras pública, em Pernambuco, APOLO SANTANA, fora beneficiária das tais renúncias de receita a que nos referíamos já em 2013, trata-se da BANDEIRANTES PNEUS, amplamente citada nos relatórios da Turbulência e envolvida na compra do jatinho no qual veio a falecer o ex-governador Eduardo Campos e cuja compra teria justamente APOLO SANTANA como um dos laranjas utilizados para sua aquisição.
Em nosso artigo mais recente sobre o tema, datado de julho deste ano, destacamos que “a leitura do Relatório Final da Polícia Federal contraria as alegações do advogado de Apolo Santana, uma vez que ficam bastante evidenciadas as relações de Apolo não apenas com as empresas “laranjas” utilizadas para a aquisição da aeronave na qual morreu o ex-governador Eduardo Campos, mas em várias outras operações de lavagem de capitais flagradas pela Polícia Federal através da análise dos relatórios do COAF.
Alerta o Relatório Final da Polícia Federal que Apolo Vieira teria cessado o empréstimo tão logo se iniciou a campanha presidencial, mas não sem que passasse à condição de arrendatário junto ao banco CESSNA FINANCE, em sucesssão à AF ANDRADE EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES da aeronave CESSNA prefixo PR- AFA, que passou a ser o meio de transporte utilizado pelos candidatos Eduardo Campos e Marina Silva em sua campanha presidencial e no qual foi vitimado o primeiro.”As autoridades policiais federais chegam a chamar a atenção para o nível de “simpatia” nutrido por Apolo Santana por um desconhecido, no caso, o ex-governador, já falecido, para quem chegou a emprestar um outro jatinho, uma aeronave Learjet 40, prefixo PP-ASV, então pertencente a uma de suas empresas, a Bandeirantes Pneus, servindo à pré-campanha presidencial de Campos. Diz o relatório: “Convém ressaltar que essa simpatia era tamanha a ponto de compreender não só o empréstimo de um bem de altíssimo valor a um desconhecido por um período razoável de tempo (segundo o próprio Apolo, de outubro de 2013 a abril de 2014), mas também a assunção das despesas de combustível, manutenção e tripulação por parte da própria BANDEIRANTES PNEUS S/A.”
Diferentemente do que ocorreu no Rio de Janeiro, apesar dos desdobramentos da Operação Turbulência e das evidências trazidas à tona pelo próprio Ministério Público Federal, somente os empresários acusados de atuarem como “laranjas” do esquema de corrupção respondem por seus crimes. Misteriorsamente, em Pernambuco vivemos a inusitada situação onde se tem corruptores sem nenhuma autoridade ou servidor apontado como corrompido e “laranjas” de lavagem de dinheiro sem “dono”.
Pernambuco, que através da obra de Gilberto Freire, notabilizou na literatura universal suas lendas urbanas que eternizaram no imaginário popular, personagens como a Cumade Fulorzinha, o Papa-figo, a Perna Cabeluda, Branca Dias, Biu do Olho Verde, Mão Fina e até uma certa Mão Pelada, agora teráque acrescentar mais uma, a lenda dos Mãos Leves, que conta a história de um jatinho sem dono comprado por não se sabe quem, com o dinheiro de um humilde peixeiro do bairro de Brasília Teimosa e de um dono de loja de conserto de celular de Tamandaré que se suicidou(?) com uma dose de “chumbinho”, num quarto de um motel em Olinda, chamado “Ti Ti Ti”.
Postado por Noelia Brito às 07:55