Enquanto o mundo aguarda para ver se Donald Trump cumprirá todas as suas promessas de campanha, diferentes líderes políticos e religiosos enviaram “recados” ao novo presidente nos últimos dias. Um dos que mais causa surpresa foi o do papa Francisco.
Alguns dias antes da posse de Trump, o pontífice recebeu o líder palestino Mahmoud Abbas e inaugurou a Embaixada da Palestina junto à Santa Sé. Antigo aliado dos palestinos, o pontífice achou que devia reforçar sua política externa e comentou sobre a intenção de se transferir a embaixada dos Estados Unidos em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
A Autoridade Palestina já avisou que não admitiria tal gesto e ameaçou iniciar uma guerra caso isso venha a se concretizar. Paralelamente, Abbas iniciou uma campanha para que “o mundo” reconheça a Palestina como um estado em 2017, o que significaria que eles ficariam definitivamente com a porção ocidental de Jerusalém, incluindo o monte do Templo.
O principal argumento usado por ele é que as recentes decisões das Nações Unidas mostram que hoje eles possuem um apoio sem precedentes.
Ao longo de 2016, o Vaticano vinha coordenando o que chamou de Acordo Bilateral “com o Estado da Palestina”, que a Santa Sé já reconhecia como Estado independente desde 2015.
Por outro lado, vem acirrando suas críticas ao governo de Benjamin Netanyahu, acusando de não querer promover a paz no Oriente Médio por insistir em abrir novos assentamentos para colonos judeus na Judeia e Samaria.
Segundo a imprensa italiana, a declaração de Francisco nesse momento é um “marco simbólico” diante da decisão de Trump e sua promessa de apoiar Netanyahu. O líder máximo dos católicos insiste que se chegue a “uma solução pacífica dos dois Estados”.
Ao The Washigton Post, Abbas declarou que a abertura da embaixada dava um sinal claro de que “o papa ama o povo palestino e a paz”.
No comunicado divulgado no final do encontro com o líder palestino, o Vaticano não faz referência direta a Jerusalém, apenas ressalta a importância “de salvaguardar a santidade dos lugares sagrados para os fieis das três religiões abraâmicas”. Também pede o reinício das negociações de paz “para pôr fim à violência que continua a causar um sofrimento inaceitável às populações civis”. A bandeira Palestina tremulando no prédio vizinho à Praça de São Pedro – que também hospeda a embaixada do Peru – é um recado inequívoco ao mundo de que lado Francisco se posiciona.