Trabalhar estressa. Essa constatação, se não for unânime, é reconhecida como legítima pela maioria das pessoas. E uma das ocupações mais estressantes do mundo moderno é a liderança religiosa. Ser pastor dá trabalho, é cansativo e vem acompanhado de muita exposição.
Uma empresa irlandesa solicitou recentemente ao Instituto SWNS um estudo sobre as profissões mais estressantes do mundo, e durante a pesquisa, mais de três mil pessoas foram ouvidas para a construção de um relatório com a resposta.
Dentre as profissões que mais causam dor de cabeça estão muitas essenciais para a sociedade. Os dez profissionais que mais são expostos a stress no dia-a-dia são: técnicos em TI, médicos, engenheiro, operador de telemarketing, professor, gerente financeiro, coordenador de Recursos Humanos, gerente de operações, operário e, por fim, líder religioso, segundo informações do portal Terra.
Independentemente da religião, um sacerdote ocupa um papel de importância na sociedade, lida com problemas de ordem pessoal dos fiéis, coordena as atividades comunitárias e ainda prepara e entrega sermões. Em alguns casos, se veem na obrigação de influenciar os membros sob sua liderança em relação a questões sociais.
Depressão
Estudos anteriores realizados para compreender a rotina de pastores apontaram para altos índices de depressão.
A saúde emocional de pastores após anos de ministério pode sofrer graves danos, revelou uma pesquisa apresentada em setembro de 2013. Segundo o relatório da Clergy Health Initiative (CHI), os pastores com depressão chegaram a 8,7% do total de entrevistados, e os casos de ansiedade a 11,1%. A média das demais profissões é de 5,5%.
“Pastores podem ter criado uma vida para si que é tão fortemente entrelaçada com o seu ministério, que sua saúde emocional depende do estado do seu ministério”, declarou Jean Proeschold-Bell, diretor de pesquisa da CHI. “Então, é possível que quando os pastores sentem que seu ministério está indo bem, eles experimentam emoções positivas potentes o suficiente para protegê-los de sofrimento mental. Naturalmente, o inverso também é verdadeiro”.
Para lutar contra a depressão, o pastor José Pontes, líder da Igreja do Nazareno no Brasil, afirmou que os líderes devem priorizar a família. “Acho que nos últimos anos, nós pastores passamos a viver e praticar mais uma religião do que viver a simplicidade do evangelho”, observou.
“O pastor não prioriza seu casamento nem seus filhos […] Existe no meio pastoral muita indisciplina do seu tempo e no cuidado do seu próprio corpo e da sua saúde mental”, frisou, atentando para a necessidade de reciclagem para exercer bem a função: “Muitos pastores querem pastorear a geração de hoje com os mesmos métodos e formas de 10, 20 anos atrás – isso gera angústia e impotência”.
“Se o líder quer dar um novo rumo a sua vida ou mesmo fazer consigo mesmo um trabalho preventivo contra essa crise que assola a liderança, então é […] refletir e começar a combater [os erros]. Levando isso a sério, o líder será mais saudável nos mais variados aspectos”, concluiu, no artigo publicado em 2012.