Criadoras de conteúdo falam sobre preconceito entre familiares e amigos e o preço que pagam por ganhar bem
A rede social OnlyFans tem recebido cada vez mais força com a adesão em massa de grandes celebridades, fortalecendo o contato entre ídolo e fã. Outra crescente na plataforma se dá pelo número de usuários ofertando conteúdo. Através dos dados divulgados pela própria empresa, somente em fevereiro deste ano, já foram contados mais de 100 milhões de usuários por todo o mundo, tendo 1 milhão deles como criadores de conteúdo. Esse número só cresce em cerca de 500 mil novas contas mensalmente.
Desses produtores de conteúdo, foi realizada uma enquete pela empresa Santa Caliente através de um formulário que as meninas preencheram para entrar no curso ‘A Melhor Profissão do Mundo’, com cerca de 314 mulheres que revelaram que mais da metade (52,1%), não tem coragem de contar sobre seu trabalho na plataforma para a família e nem mesmo para amigos. Dessas garotas, apenas 45,9% se sentem confortáveis em divulgar seu perfil.
Muitas mulheres optam por não mostrar o rosto ou utilizam máscaras. Uma criadora de conteúdo, que prefere não ter sua identidade revelada, conheceu o OnlyFans pelas redes sociais e viu na plataforma a oportunidade para conquistar a tão sonhada independência financeira. “Minha família é muito conservadora e eles jamais iriam aceitar que eu vendo conteúdo sexual online. Por isso optei por usar máscara para que minha identidade não fosse revelada e meus assinantes gostam desse mistério”, explica a moça.
No geral, esse receio se dá na maior parte do tempo por conta do preconceito que existe contra as produtoras de conteúdo explícito, como é o caso da mineira, Larissa Sumpani, de 24 anos que ao ser questionada sobre família e amigos terem conhecimento sobre seu trabalho, respondeu que: “Sabem pela boca de outros, nunca vieram conversar comigo a respeito. Preconceito dos familiares foi fofoca, falando que estou mexendo com coisa errada, alguns amigos se afastaram e falaram que não era bom andar perto de pessoas que fazem isso. Alguns seguidores desejaram minha morte”, comenta.
Por morar no interior, Marília Oliveira, de 25 anos, teve que ouvir muito julgamento por acharem que quem vende conteúdo não vale nada. “Chamam de puta tentando denegrir a pessoa. Mas não me importo, e tenho os meus fãs que me dão força de continuar a ser eu mesma”, explica.
Já Rafaela Sumpani, de 20 anos, diz que parte da família sabe e a aceita, enquanto a outra parte, considerada como mais preconceituosa e intrometida, não aceita o que a garota faz. “Já sofri preconceito e sofro até hoje, como por exemplo ser chamada de burra por vender foto pelada ou ser chamada de puta ou até mesmo falarem que não tenho nada para fazer da vida, por isso uso o OnlyFans. Muitas pessoas me chamam de vagabunda e falam para procurar um serviço também”, relembra.
Conforme explicam as profissionais, é preciso saber que para entrar nesse ramo, nada é tão fácil como parece ser. “Muitas pessoas pensam ‘ganhar 40 mil para vender foto pelada é bom demais, vou fazer’. Só que elas não analisam o outro lado, que é o lado do preconceito. Quem trabalha nesse ramo precisa abrir mão de amigos e pagar um preço que as pessoas não veem. Muitos se fascinam pelo dinheiro, mas é muito ruim chegar em uma roda de amigos e notar o preconceito só porque você vende conteúdo. A gente paga um preço alto por ganhar bem”, finaliza Larissa.