Projeto de Ecoparque em Tijucas promete reaproveitar lixo descartado na Grande Florianópolis
O projeto de uma central de tratamento de resíduos para receber todo o lixo recolhido nos 22 municípios da Grande Florianópolis ainda nem saiu do papel e já tem gerado debates em Tijucas. A estrutura com capacidade para receber mil toneladas de material por dia está orçada em R$ 100 milhões e promete ser o primeiro aterro do Brasil totalmente alinhado com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010. O projeto da iniciativa privada, porém, depende de licenças e tem gerado receio nos moradores da cidade.
A contrapartida para a empresa seria o pagamento das prefeituras para fazer o descarte de lixo no local, assim como pagam para o aterro de Biguaçu hoje. Além disso, venderia o material reciclável recuperado e o biogás gerado.
O empreendimento está projetado em uma área de 20 mil metros quadrados no bairro Nova Descoberta, zona rural da cidade, e promete geração de 150 empregos diretos e 450 indiretos. Alexandre Citvaras, consultor de novos projetos da Haztec, empresa do Rio de Janeiro responsável pelo negócio, explica o que o Ecoparque é baseado em um conceito de valorização e recuperação de resíduos, com produção de biogás para geração de energia. O projeto precisa de aprovação do município para ser implantado.
– Como envolve resíduos, sempre há especulações e dúvidas por parte da população. Estamos em uma etapa de conversas com os atores do município para esclarecer como será o empreendimento. Vamos usar grandes sistemas de triagem que têm eficácia comprovada na Europa, Estados Unidos e Ásia, com foco na separação do lixo reciclável que vem misturado com o urbano e hoje é destinado de forma incorreta aos aterros sanitários.
Segundo a prefeitura de Tijucas, a maior parte da comunidade local não apoia a iniciativa por temer impactos ambientais e a intensificação do trânsito de caminhões na região. No início deste ano, o projeto foi apresentado ao prefeito Eloi Mariano Rocha (PSD). Na época, foi realizada uma reunião com os moradores.
– Quando recebi a visita dos empresários responsáveis pelo empreendimento informei que a comunidade seria consultada. Na ocasião, os moradores presentes se mostraram contrários ao projeto. Diante disso, garanti à comunidade que por parte do município nada seria autorizado sem o consentimento deles – disse.
O presidente da associação de moradores do bairro Nova Descoberta, Alexandre Antônio Coelho, conta que foi procurado pela empresa há cerca de 40 dias:
– Em um primeiro momento, todos foram contra. Afinal, quem quer um lixão no bairro onde mora? Mas a empresa abriu um espaço para que a gente conheça um empreendimento parecido em São Paulo. Cerca de 42 pessoas vão de ônibus até lá para conhecer o local e conversar com os vizinhos da região, só falta marcar a data. Depois, vamos avaliar com a comunidade se é bom ou não, porque também não queremos perder uma oportunidade de fazer a nossa cidade crescer.
Para se ter ideia da demanda, somente Florianópolis produz 202 mil toneladas de lixo por ano.