Quando sucessão familiar e protagonismo feminino caminham juntos
A sucessão familiar é um dos desafios de muitos empresários, de todos os portes e segmentos. Dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) mostram que menos de um terço das empresas sobrevivem quando passam para o comando da segunda geração, e apenas 5% se mantém ativa na terceira geração. Isso em um cenário em que 90% dos empreendimentos no Brasil têm origem familiar. E quando se trata de sucessão de pai para filha, o desafio pode parecer ainda maior.
Não para todos. O empresário Domingos Kennedy Garcia Sales, de 53 anos, e sua filha Thamy Daltro, de 27, mostram que a sucessão familiar e o protagonismo feminino podem caminhar lado a lado. Ele é diretor-Geral do Grupo Max, cujo core business é a Preformax, indústria de embalagens plásticas, com mais de 500 funcionários, uma planta no Recife (PE) e outra em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
Thamy está sendo preparada para assumir uma posição de liderança dentro da empresa. Com 18 anos, por vontade própria, ela começou a trabalhar com o pai. “Thamy, você não aguenta uma semana de trabalho, mas vou te dar essa chance”, Sales lançou o desafio.
Desafio aceito. Durante os três primeiros anos, a jovem passou por todas as áreas da empresa, para entender os processos e vantagens competitivas. Hoje, nove anos depois, ela é gerente de Vendas e, junto com sua equipe, conseguiu elevar o faturamento médio de R$ 500 mil para R$ 2,5 milhões nos últimos seis meses, na região de São Paulo e Rio de Janeiro.
Controle de rastreio de caminhões e estoques, comunicação direta com o cliente e relatórios de gestão também estão entre os resultados alcançados por Thamy, que se formou em Administração e possui MBA em Gestão Estratégica de Negócios.
Ela já provou que tem jeito para o negócio e sabe que herdou isso do pai. Já na vida pessoal, houve momentos de insegurança. “Aos 25 anos, tive dúvidas e até me afastei da empresa por um ano. Como iria construir uma família com um cargo com tantas responsabilidades? Mas resolvi abraçar o que eu amo e confiar que tudo pode ser ajustado e realizado”, confessou.
Pai e filha conciliam o relacionamento familiar com as exigências profissionais. “Dei a oportunidade e ela a agarrou. Estamos acompanhando os resultados. Entre os cargos de liderança, ela é a primeira mulher dentro da nossa empresa e confesso que estou aprendendo muito, ainda mais sendo minha filha”, relata o pai e chefe.
Planos para o futuro
A Preformax está em ritmo forte de crescimento. Em 2003, quando foi fundada, a indústria consumia 200 toneladas de resina, matéria-prima para a produção das garrafas pets. No último ano, o acumulado atingiu 35.600 toneladas. Atualmente, é uma das maiores empresas do país em industrialização de preformas pet e atende grandes clientes do mercado nacional
Até 2019, a empresa pretende aumentar o portfólio de produtos, reabrir uma planta de reciclagem de pets, investir em energia renovável e ampliar a atuação para a América do Sul. Por isso, Thamy está batalhando para, em breve, estar preparada para assumir estrategicamente o cargo de diretora de Operações e Comercial.
“Minha missão clara é elevar a Preformax a um outro patamar, torná-la a melhor empresa do setor no Brasil e, quem sabe, na América do Sul, em qualidade, eficiência, rentabilidade e atendimento”, finaliza Thamy.