Fatma Samba Diouf Samoura. Trata-se da segunda pessoa mais importante na política do futebol mundial. A notícia divulgada pela Fifa nesta sexta-feira (13), que uma mulher seria a secretária-geral da entidade, pegou o mundo da bola de surpresa.
Além do fato de ser mulher, em um âmbito totalmente machista, assim como em quase todos os setores do planeta, é uma mulher negra e africana. Conjuntura perfeita para os homens medievais execrarem mais uma dama.
A senegalesa vai assumir o posto deixado por Jérôme Valcke, imoral safado destituído por envolvimentos em corrupção. É fato que tal nomeação pode ser apenas uma jogada de Gianni Infantino, presidente da entidade, para mudar a imagem sórdida e nefasta que possui a Federação. Pelo certo ou errado, também é fato que lá ela está. A senegalesa de 54 anos, que ainda depende de um comitê independente para determinar a sua elegibilidade – o que não deve ser problema, tem um currículo invejável.
Diouf Samoura por 21 anos atuou na ONU, na ajuda do Programa Mundial de Alimentação na África. Doutora em relações internacionais e comércio exterior no Institut d’Etudes Supérieures Spécialisées, de Estrasburgo, na França, também tem experiência no setor comercial, onde trabalhou em uma multinacional no Senegal. No mundo contemporâneo totalmente machista, mulheres na liderança é coisa rara. Não saindo da política, mas com os olhos no Brasil, essa discrepância entre gêneros se torna mais abissal. Em novembro do ano passado, um texto da jornalista Amanda Klein, no blog do Jamil Chade, no Jornal Estado de S. Paulo, trouxe um número mais que vergonhoso. O Brasil ocupa a 118ª posição no ranking da União Inter-Parlamentar de mulheres na política no mundo. Na Câmara, menos de 10% das cadeiras são ocupadas por elas. Mais homens que mulheres no Legislativo culminam com projetos de leis tendenciosos.
Uma comissão especial da Câmara aprovou o projeto do deputado Eduardo Cunha que dificulta o acesso ao aborto legal. Isso significa que mulheres estupradas e grávidas terão dificuldade de atendimento no SUS, a pílula do dia seguinte não estará mais disponível em todas as farmácias e o médico que orientar a paciente a abortar pode ser processado. A lei que facilita o acesso a armas de fogo já foi aprovada em outra comissão especial da Câmara. Será que isso é tendencioso? A mulher só é vista importante em campanhas políticas.Claro, são maioria, 52% dos eleitores do país são mulheres. E ainda tem gente que acha que não é necessário discutir pautas como gênero!