Por Claudia Lira.*
Não posso deixar de comentar o editorial preconceituoso e raso do DC de ontem (25)!
Como servidora pública me senti ofendida e difamada por afirmações sem fundamento e que só expressam o preconceito do autor.
O autor afirma que a PEC 241 deve ser aprovada porque os servidores públicos a rejeitam. Nos imputa a carga de privilegiados e detentores de regalias.
Não é privilégio estudar muito, se capacitar e passar em um concurso concorrido por milhares de pessoas. Não é regalia receber um salário digno por um mês de trabalho dedicado. É, sim, merecimento. Falo por mim, pelos professores e técnicos que trabalham na minha instituição. Uma instituição federal de excelência que oferece ensino de qualidade e público à população. Fazemos jus aos salários pagos com a arrecadação de impostos, nos empenhamos e muito para bem empregar o dinheiro público na realização de pesquisas, na compra de materiais e equipamentos para aulas experimentais, na manutenção da infraestrutura, na realização de projetos de extensão, na promoção de semanas da ciência, na realização de eventos científicos e tecnológicos, no atendimento aos estudantes em situação de vulnerabilidade.
Se muitos de nós se opõem à PEC 241 é porque entendemos o quanto a educação do país sofrerá com a diminuição dos repasses de verba, ao congelarmos gastos públicos em áreas essenciais e estratégicas para o país. Se nos opomos à PEC 241 é porque propomos que os gastos públicos devem ser controlados em setores que mais contribuem para o aumento da dívida pública e não saúde e educação que consomem menos de 2% do orçamento. Se nos opomos à PEC 241 é porque entendemos que privilegiados são os cidadãos de altíssima renda que pagam menos imposto, proporcionalmente, aos cidadãos de menor renda. Os detentores de regalias são os tais (não poucos) vereadores, prefeitos, governadores, deputados e senadores que recebem grandes quantias em auxílio, altos salários e ainda se envolvem em transações ilegais, desviando dinheiro público que deveria ser aplicado no bem estar da população.
O Editorial não analisa os dados do orçamento ou projeções de economistas, mas resolve reproduzir uma visão estereotipada de uma classe de trabalhadores, apontando-a como bode expiatório da falta de ética e de planejamento de nossos governantes.
Se temos maus servidores, temos também maus médicos, maus advogados, maus políticos e maus jornalistas. Mas generalizar é atacar pessoas idôneas e empenhadas na construção de uma sociedade justa.
Quem elaborou o editorial nos deve um pedido de desculpas.
Atenciosamente,
*Claudia Lira é professora do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), câmpus Florianópolis.