Capaz de apontar relação entre atividade física e sedentarismo para controle de sintomas, pesquisa foi considerada transformadora para o tratamento de asmáticos
Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), publicado no The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice, aponta que caminhar diariamente pode ajudar a aliviar os sintomas de pessoas com asma.
A pesquisa destaca que, embora a atividade física seja amplamente recomendada para manter a saúde do corpo, caminhar pelo menos 7,5 mil passos por dia pode ser particularmente benéfico para o controle de sintomas relacionados à asma moderada ou severa.
Como foi feito o estudo?
Publicada em março de 2024, a pesquisa teve como objetivo aprofundar o entendimento sobre o impacto da atividade física e do sedentarismo nos sintomas da asma, conforme sugerido pela literatura científica. Embora anteriormente não houvesse dados científicos concretos, a literatura já indicava uma possível relação entre estilo de vida e sintomas como dificuldade para respirar, respiração rápida e curta, além de tosse seca.
Com apoio da FAPESP e participação do Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar da Universidade Estadual de Londrina (UEL), os pesquisadores se dedicaram a investigar a variação dos sintomas da asma em relação ao estilo de vida e aos comportamentos individuais. Para isso, foram analisadas cerca de 426 pessoas diagnosticadas com asma de moderada a grave nas cidades de São Paulo e Curitiba.
O estudo avaliou aspectos como nível de atividade física, tempo de sedentarismo, controle clínico da asma e qualidade de vida. Também foram considerados fatores como sintomas de ansiedade e depressão, além de dados antropométricos e de função pulmonar.
Os participantes foram divididos em quatro grupos: ativo/sedentário, ativo/não sedentário, inativo/sedentário e inativo/não sedentário.
O que os resultados revelaram
O estudo revelou que a prática regular de atividade física está associada a um melhor controle dos sintomas da asma. Pacientes que caminhavam pelo menos 7,5 mil passos por dia apresentaram um controle mais eficaz da doença, mesmo entre aqueles com obesidade ou altos níveis de sedentarismo. Os pesquisadores ainda destacaram que essas condições não influenciaram a melhora nos sintomas.
Resultados mostraram uma melhora mais significativa dos sintomas nos grupos ativo/sedentário (43,9%) e ativo/não sedentário (43,8%), em comparação aos grupos inativo/sedentário (25,4%) e inativo/não sedentário (23,9%).
Novas recomendações para asmáticos
Atualmente, estima-se que cerca de 6,4 milhões de brasileiros são afetados pela asma, e o tratamento mais comum envolve o uso de medicação. Os resultados do estudo reforçaram a ligação entre a prática de atividade física e o alívio dos sintomas da asma, tornando o artigo transformador para a prática clínica no manejo da doença.
Fabiano Francisco de Lima, pesquisador da FM-USP e primeiro autor do estudo, explicou em entrevista à Agência FAPESP que é comum profissionais de saúde recomendarem que crianças e adultos asmáticos evitem atividades físicas. Essa preocupação decorre da relação entre a asma e a contração dos músculos das vias aéreas durante as crises. Para ele, o estudo torna-se particularmente importante por quebrar esse conceito.
Lima acrescentou que, além de recomendar a caminhada, uma atividade sem custo, o estudo também determinou a quantidade ideal de exercício para aliviar os sintomas da asma, como falta de ar, respiração curta e rápida e tosse seca: 7,5 mil passos por dia.
O pesquisador também enfatizou a importância de que os médicos levem em conta o estado clínico dos pacientes, incluindo sintomas de ansiedade, para melhorar ainda mais o controle da asma.
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