QUITO — O cemitério municipal de Pedernales, cidade no epicentro do terremoto de sábado, entrou em colapso. Já não há mais túmulos para abrigar os mortos pela tragédia do tremor de 7,8 graus, que deixou cerca de 525 vítimas fatais e 4 mil feridos no país. E coveiros abrem covas onde podem, numa situação em que as próprias famílias já não sabem por onde caminhar. Esta madrugada, dois novos tremores de 6,2 graus foram sentidos em várias cidades do país.
Em Pedernales, o abalo levou 152 pessoas à morte. Os enterros eram simultâneos e o padre ia de um velório para outro, conta o jornal “El País”. Com a capacidade das empresas funerárias no limite, mesmo caixões com defeitos foram vendidos e não saíram barato.
As filhas de Wilfrido Amado Laaz, de 84 anos, contam que tiveram que pagar uma alta quantia para conseguir enterrá-lo de forma digna.
— Tivemos que pagar no cartão de crédito, pois não temos dinheiro — contou Nieve Laaz, que comprou o caixão por cerca de US$ 650. — Por fora, ainda teve o processo envolvendo mão de obra e os materiais, que saiu por mais US$ 600.
Muitos alegavam que tinham familiares em tumbas do cemitério e que gostariam de colocar mais um pessoa no mesmo jazígo. Outros falavam com o coveiro e começavam a cavar.
Os mortos que não puderam ser enterrados no cemitério de Pedernales foram levados a um outro, privado, que fica fora da cidade. Os que tinham família fora da localidade também tiveram de ser levados até lá. Como resultado, as estradas das regiões atingidas foram tomadas por um intenso tráfego de cortejos fúnebres.